Bebé de grávida em morte cerebral é «prematuro normal»

O bebé que nasceu às 31 semanas de gestação depois de a mãe ter sido mantida em suporte de vida durante três meses «é um prematuro normal», encontrando-se já em casa, indicou hoje o Hospital de São João, Porto.

Em conferência de imprensa, a diretora do Serviço de Neonatologia do Hospital de São João, Hercília Guimarães, explicou que o bebé Salvador teve alta na terça-feira, quando fez 40 dias de vida, com 37 semanas de idade pós-concecional e com cerca de 2,6 quilos.

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«Saiu tranquilamente. Tem necessidade de oxigénio, o que não é nada anormal porque os bebés prematuros muitas vezes só deixam o oxigénio aos quatro a cinco meses depois. Vai ser acompanhado no Hospital São João (…). É um bebé prematuro normal», disse a diretora do Serviço de Neonatologia do Hospital São João.

Hercília Guimarães adiantou que Salvador entrará no protocolo «normal» de acompanhamento dos bebés prematuros desta unidade hospitalar, na qual nasceu no dia 28 de março, com 31 semanas e seis dias e 1,7 quilos, após três meses da morte cerebral da mãe. «Seguir-se-ão alguns anos de acompanhamento e de testes psicológicos. Cantaremos vitória quando o Salvador for um bom aluno a Matemática. Só descansamos quando entra em idade escolar», referiu a especialista, apontando: «Estes bebés nos nossos serviços são uns principezinhos».

Questionada sobre a situação do pai da criança e sobre o acompanhamento familiar futuro, Hercília Guimarães mostrou-se confiante. «O salvador tem o pai a 100%. Faltava-lhe a figura feminina, mas tem as suas avós e uma madrinha preparadas para o acompanhar. O bebé tem o pai e uma família e essa família, quando quis, esteve sempre ao lado do bebé», referiu.

Já a psicóloga da equipa de Neonatologia Sara Almeida descreveu que o pai do bebé «acompanhou o processo desde o primeiro momento», frisando que o sente «completamente capaz de exercer todos os cuidados». «No futuro, o Salvador entrará no protocolo de acompanhamento dos bebés, fazendo-se avaliações do desenvolvimento psicoafetivo e cognitivo em momentos chave para irmos avaliando e antecipando a possibilidade de existirem algum tipo de alterações que exijam cuidados específicos», disse Sara Almeida.

A mãe de Salvador esteve em morte cerebral entre os dias 27 de dezembro e 28 de março, tendo dado entrada no Hospital São João a 1 de fevereiro, com «24 semanas e uns dias» de gravidez, e ali ficou internada nos cuidados intensivos durante 56 dias. Praticante de canoagem, a mãe da criança, de 26 anos, teve um ataque de asma e ficou em morte cerebral até ao nascimento da criança.

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