Ágata «arrependida de ter feito dois abortos» [entrevista]

Quis desistir das canções para dedicar-se só à família, que podia ser maior. «Tenho pena de não ter tido filhas.» Ágata ama os pais, apesar de a mãe se ter «vestido de negro» por ser contra o seu casamento.

Ágata fala sem rodeios porque enquanto figura pública sente «o dever de alertar». Tem dois filhos, uma neta e um companheiro que ama, mas que nunca a pediu em casamento, como aconteceu com o pai do seu primeiro filho. Do que mais se arrepende na vida é de ter abortado por «duas vezes». Do que mais se envergonha é de a mãe a ter levado a comprovar que era virgem. «Fez-me passar por uma vergonha dos diabos! Mas compreendo-a. Foi uma paixoneta e ela estava a proteger-me.»

Prefere que a trate por Ágata ou por Fernanda Sousa?

Ágata, porque no dia em fui batizada a minha mãe tinha um outro nome para mim e o padre não autorizou.

Que nome?

A minha mãe, antes de eu nascer, teria pedido ao céu uma menina loura, de olhos azuis e pele branca que viesse ao mundo para cantar. E quando nasci achou que eu era um fruto da Natureza e queria pôr-me o nome de mar e sol: Marisol (e também porque gostava de uma cantora espanhola com este nome). Só que o padre não deixou e então fiquei com o nome do meu padrinho, Fernando.

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Ficou Fernanda.

Fiquei, mas nunca gostei e quando comecei a ter consciência da minha vida, da minha carreira, dos meus passos, sempre disse «um dia vou mudar de nome». Quando entrei nas Doce já estava bem perto de uma carreira a solo e quase que me soou no ouvido «o teu nome é Ágata»; eu diria que ouvi mesmo, porque tenho uma intuição muito apurada.

Continua desgostosa pelo facto de o seu marido – que é assim que lhe chama – ainda não a ter pedido em casamento?

Ele trocou-me.

Trocou?

Eu perdi peso e ele trocou-me por outra, redondinha. Agora o meu marido tem uma amante chamada Bola.

É presidente da SAD do Desportivo de Chaves.

Sim, ele sempre patrocinou o Desportivo e agora deixou a música mais de lado para se dedicar ao clube.

O Euromilhões

Ágata «arrependida de ter feito dois abortos» [entrevista]

O Francisco «diria que o Euromilhões dele é o trabalho». «É muito trabalhador, muito inteligente»

Foi aí que ele gastou o Euromilhões?

Isso não sei. Tem de lhe perguntar diretamente porque a mim não o diz.

Se lhe perguntássemos o que é que ele responderia?

Ele diria que o Euromilhões dele é o trabalho. É muito trabalhador, muito inteligente, tem bom coração e é um sofredor. É um homem a quem dói muito ver alguém infeliz e com problemas. Tem um coração muito grande!

Era o homem ideal para casar…

Seria…

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Tem pena de ainda não ter acontecido?

Tenho, tenho. Mas um dia vou casar. Se não for com ele, há de ser com outro.

Mas com ele era melhor.

Era, porque o amo. Mas estou a ver-me a casar. Nem que seja aos 80 anos e de bengala! Com ele era melhor porque nos conhecemos bem, sabemos das qualidades e defeitos um do outro e aprendemos a lidar um com o outro, nas nossas diferenças.

Por exemplo?

Por exemplo, se lhe pedir para me acompanhar numa entrevista como esta, não vem. Mas se ele me pedir para ir com ele ao futebol, eu vou!

Isso constitui um problema na relação?

Não. Cada um direciona-se para aquilo que são os seus objetivos profissionais. Independentemente da relação pessoal que temos, cada um cuida das suas vidas.

«A minha neta é uma ternura, bem educada, gentil, muito amiga da avó»

Ágata «arrependida de ter feito dois abortos» [entrevista]
«Tenho dois filhos, duas pérolas. São muito meus amigos, fui abençoada»
Como está a correr o arranque da carreira do Fran?

Ah! O Fran está a compor cada vez melhor!

Ele faz 18 anos em julho.

Faz, a 12 do 7. Nasceu às 12 e 7 de 12 do 7. Foi um portal que se abriu e nasceu uma estrela. É uma pessoa abençoada, um miúdo querido, com grande sensibilidade, bom filho… Aliás, o Marco é igual. Tenho dois filhos, duas pérolas. São muito meus amigos, fui abençoada e sou muito feliz por ser mãe de dois homenzinhos tão queridos.

O Marco, o mais velho, tem uma filha, que agora fará nove anos, a Maria. Como é ser avó?

Fabuloso. A minha Maria é uma ternura, bem educada, gentil, muito amiga da avó.

Isso é ser boa neta; como é ser avó?

Ah! É reviver a maternidade. Preocupo-me muito com a educação dela, e com a roupinha: sou eu sempre que na mudança das estações lhe compra a roupinha. Adoro que ela ande bonita, bonequinha, princesa!

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O Francisquinho adotou o nome Fran. É uma atitude de emancipação.

Sim, mas ele não se livra, porque as pessoas conhecem-no por Francisquinho. Ele quer ser o Fran, mas dizem-lhe “Francisquinho, lembro-me de ti ao colo da tua mãe, na televisão”. Não gosta nada, mas não se livra…

Como é que lida com mais este momento em que um filho bate asas e sai do ninho?

Ui! Para o meu marido tem sido muito complicado. Os filhos não são nossos. São emprestados, como dizia José Saramago. Não podemos querer os filhos eternamente ao nosso lado. Compreendo esta atitude de emancipação do meu filho, o meu marido é que não… Tem uma paixão pelo filho inexplicável.

Já o quis desviar para o futebol?

Não, mas tentou desviá-lo para outras áreas e não teve sucesso. O Francisquinho quer estar ao lado do irmão a trabalhar na editora e é lá que está diariamente, na Espacial.

«As raparigas são piores do que os rapazes. Perdem-se por tudo e por nada»

Ágata «arrependida de ter feito dois abortos» [entrevista]
Se tivesse tido filhas, «aceitaria que fizessem o que fizessem na vida, desde que fosse por amor e não por leviandade»
Teria sido uma mãe diferente se tivesse tido filhas?

Seria mais complicado. As raparigas são piores do que os rapazes. Dizem… Dizem que hoje são elas que tomam a iniciativa, que se perdem por tudo e por nada, e que se precipitam.

Perceberam que têm Poder sobre eles?

Sim, têm! E eu sou como elas, no fundo, portanto entendo as raparigas de hoje em dia perfeitamente. Eu era capaz de ter alguns problemas… Provavelmente iria tratar as minhas filhas, se as tivesse tido, como irmãs e não como filhas. Iria ser a maior confidente e aceitaria que fizessem o que fizessem na vida, desde que fosse por amor e não por leviandade.

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Lamenta não ter tido meninas?

Tenho pena, tenho. Os rapazes são mais independentes e não são tão problemáticos quanto elas. Não aparecem grávidos em casa… Não haveria grande problema para mim. Mas é um facto que as grandes preocupações das mães são essas, e portanto tudo tem de ter um princípio e uma boa conversa em casa. Se a educação for boa a esse nível, a adolescente, a mulher, estará mais preparada para a vida, mais consciente…

«Fiz dois abortos e arrependo-me. Ser mãe é a melhor coisa do mundo»

Ágata «arrependida de ter feito dois abortos» [entrevista]
No tempo de Ágata, se «se aparecesse grávida em casa caía o Carmo e a Trindade». «E eu, calada, corri com uma amiga a uma parteira»
Consciente dos caminhos que toma a vida em função dos atos praticados.

Com certeza. Por isso é que digo para terem cuidado. Para não cometerem loucuras. Não fazerem abortos, porque isso é uma coisa que marca a mulher.

Fez algum?

Fiz dois e arrependo-me. Porque ser mãe é a melhor coisa do mundo. Uma bênção.

Lamenta?

Sim. Se eu fosse mãe neste momento de quatro filhos era rica… Tenho só dois, sinto-me rica na mesma, e ganhei mais uma pérola, a minha neta. Se tivesse tido duas filhas, quem sabe como seria…

Os seus abortos foram opção ou espontâneos?

O primeiro foi por medo. Porque para a minha mãe – era aquela história… – se aparecesse grávida em casa caía o Carmo e a Trindade. E eu, calada, corri, com uma amiga, a uma parteira que me fez um aborto horrível. Com uma máscara das que se usavam naquela altura, com éter. Horrível. O meu namorado também foi comigo. Foi ele quem me segurou durante aquilo. Poderia ter acontecido o pior… O segundo foi quando fui substituir uma das Doce que ficou grávida. Eu também engravidei, mas como tinha assinado um compromisso com determinadas regras, não podia de maneira nenhuma ter aquela criança.

Abortou uma vez por medo e outra…

… por opção.

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Há diferença entre fazê-lo por medo ou por opção?

Hoje, não teria feito nenhum e não aconselho ninguém a fazê-lo. Existe muita informação e muitas formas de precaver gravidezes indesejadas.

E se acontecer?

Se acontecer, ainda assim não devem fazê-lo, e muito menos colocar a decisão nas mãos dos mais velhos, os pais. Pode haver riscos, as coisas podem correr muito mal e nunca mais conseguirem engravidar e, depois, vão culpar os decisores. Os pais, neste caso.

A ter de ser feito, deve ser uma decisão própria, independentemente dos conselhos que venha a pedir.

Tal e qual. Deve ser sempre uma decisão pessoal.

Fala assim quem é mãe. Muitas das vezes só se percebe o que elas nos dizem depois de se estar na condição delas. Revê-se nisto?

Claro. Tenho essa consciência de que só compreendi muitas das coisas que a minha mãe me dizia depois de ter tido filhos. A minha mãe engravidou aos 15 anos. Era solteira. (Apesar de ter estado a vida inteira com o meu pai e de ele ter amado muito a mulher até ao dia de se ir embora… Nunca vi um amor como o deles…) A minha mãe nunca quis para nós aquilo que lhe aconteceu: prender-se por alguém a vida inteira sem poder realizar o que sempre fora o sonho dela, a música, o teatro; enfim, uma vida completamente diferente daquela que teve. Teve um filho de cinco em cinco anos, e assim foi cinco vezes: somos cinco.

«A minha mão fez-me passar por uma vergonha dos diabos! Mas compreendo-a»

Houve alguma coisa que a tivesse levado a dizer à sua mãe «nunca a vou perdoar»?

Não, nunca disse isso à minha mãe. E ela fez-me muitas…

Como quando teve um namorado muito mais velho e a sua mãe a obrigou a ir ao Instituto de Medicina Legal para comprovar a sua virgindade?

Sim.

Sentiu-se magoada?

Sim, magoou. Mas eu compreendi-a. Quando nos apaixonamos por alguém mais velho – acontece muito com as adolescentes – vemos nessa pessoa uma figura paterna, protetora, amiga… Acontece com a aluna e o professor… E a minha mãe era um tanto ou quanto desinformada. Tinha outra mentalidade e portanto teve de tirar tudo a limpo. Quis certificar-se… Fez-me passar por uma vergonha dos diabos! Mas compreendo-a. Foi uma paixoneta e ela estava a proteger-me.

Era virgem?

Sim. [Risos.] Mas hoje é tudo diferente. Claro que naquela altura tinha de se casar com florzinha de laranjeira… Eu casei com uma barriga de cinco meses – mas não casei por isso, casei porque me apeteceu – e a minha mãe vestiu-se de preto e não foi ao meu casamento. Aliás, pura e simplesmente ninguém da minha família lá estava…

Perdoou-a?

Claro que perdoei! Compreendi. Eram aqueles tempos…

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Continua a falar com a sua mãe, apesar de ela já ter partido?

Sim, sim, ainda hoje falo com ela e sei que é uma grande protetora espiritual dos meus filhos e dos meus passos.

Gosta dela?

Sim, sim, muito! Gosto muito dela e do meu pai. São dois espíritos de luz.

20 quilos mais magra

No últimos quatro meses, Ágata tomou a decisão de voltar a cuidar da imagem e de, dois anos após ter anunciado que se retirava, voltar a editar um disco. As Minhas Canções é um CD com temas de grandes divas por quem Ágata tem respeito e admiração pessoal e profissional. Neste processo, perdeu “20 quilos em quatro meses com a ajuda muito preciosa da equipa de profissionais extraordinários da Body Care Clinic” e “de uma dieta proteica fantástica da Pronokal”.

«Usam a crise para nos oferecerem cachets desonestos»

Qual foi o ponto alto deste percurso?

O meu primeiro sucesso, Perfume de Mulher. Mas julgo que, depois, houve outro momento, o do terceiro álbum, Escrito no Céu, que foi três vezes Platina. Olhar para trás deixa-me orgulhosa porque vejo que milhares de portugueses consumiam a minha música, e os que não consumiam comprando consumiam ouvindo e depois cantando, nem que fosse no duche.

O que não se percebe é porque é que, se tem essa consciência, há dois anos anunciou o fim da carreira.

É verdade. Estava saturada, completamente desmotivada, pronta para virar-me apenas para a minha vida familiar porque deixei de aceitar concertos cujo cachet não permitia dar ao público o mínimo de condições, de qualidade; bom som, boas luzes: qualidade…

A crise.

A crise? A crise só se for como desculpa. Usam-na para nos oferecerem cachets desonestos. E eu não consigo sair de casa com valores que apenas cobririam a deslocação. Não posso aceitar isto porque vivo do meu trabalho, das minhas canções e da minha música.

Texto: Luís Martins | Portal de Notícias | WIN

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