Tentam desde fevereiro trasladar o corpo do pai. Primeiro os 12 mil euros, agora o vírus

Enquanto não trouxer o corpo do pai para Portugal, Ana diz-se incapaz de fazer o luto. Enquanto isso, morgue cobra 150 euros por semana para lá manter o corpo de Manuel

Manuel Vítor morreu em Angola, vítima de um AVC fulminante a 19 de fevereiro. Nascido e criado no concelho de Torres Novas, os filhos, residentes naquela cidade, encetaram esforços para trazer o corpo do pai para Portugal. O primeiro impasse foram os custos avultados, mais de 12 mil euros. Agora, em plena pandemia, não há voos que tragam o corpo do português. Por cada semana que mantém o corpo, a morgue do Hospital Central do Lubango cobra 150 euros. Os filhos, Ana e Luís, só querem sepultar o pai ao lado da mãe, mas as semanas vão passando.

A última vez que Ana viu o pai foi em setembro de 2017. Depois de um período de férias na terra, Manuel voltou a Angola. A empresa para a qual trabalhava deixou de realizar os pagamentos. Mudou para uma outra mas o mesmo voltou a suceder, sendo a vida sozinho cada vez mais difícil de suportar. A decisão, contou à família, era deixar o Lubango,  ir trabalhar para um empresa em Luanda e juntar dinheiro para regressar a Portugal.

Mas o plano nunca foi concluído porque após um internamento devido a uma pneumonia, Manuel morreu vítima de um AVC fulminante.
Uma vez que não estava a trabalhar, não havia nenhuma empresa para ajudar com os custos de trasladação. Sem meios financeiros, os filhos pediram ajuda à comunidade e criaram uma página de Facebook para o efeito. O valor de 12.428,63 euros tardava em ser atingido e quando angariaram cerca de seis mil euros, Ana decidiu custear a restante despesa e tentar trazer o corpo do pai para o país.
“Quando começámos a assistir à proliferação da Covid-19, tentámos de tudo para o trazer o mais rápido possível. Ele tinha voo de Luanda no dia 18 mas foi cancelado. Neste momento não há voos dentro do país que o leve do Lubango para Luanda e o transporte terrestre também é impossível porque demora dois dias”, conta-nos a filha, Ana Sousa.
“Dirigimo-nos a todas as entidades. A resposta do consulado foi que procurássemos outros voo”, revela. Manuel não morreu de Covid-19, mas a família é mais uma vítima de como o vírus está a impedir as famílias de fazer as despedidas dos seus ente-queridos.
A última opção, diz Ana, será a cremação, mas ainda assim o processo exige um reconhecimento do corpo e isso implicaria a viagem para Luanda.

“Só quero fazer o meu luto e tal só poderá ser possível quando o trouxer. Já passou muito tempo desde que o meu pai morreu e ainda não o consegui trazer para a terra dele”, lamenta a filha ao nosso site.

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