Austrália analisa alegações contra agência da ONU após suspender financiamento

O Governo australiano declarou hoje que está a analisar as acusações contra trabalhadores da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), de alegadas ligações com o Hamas, após suspender o seu financiamento a esse organismo.

Austrália analisa alegações contra agência da ONU após suspender financiamento

“Estamos a examinar o caso, junto com outros países com ideias semelhantes, como o Canadá, o Reino Unido e os Estados Unidos. Queremos que isso seja resolvido”, acrescentou o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, durante uma entrevista ao canal público ABC, sem fornecer maiores detalhes.

O primeiro-ministro australiano sublinhou que o objetivo da análise das acusações é garantir que todo o financiamento enviado para a UNRWA, fonte fundamental para a distribuição de ajuda humanitária em Gaza, “seja utilizado para os fins para os quais é concedido”.

Albanese defendeu ainda que a UNRWA é “a única organização que pode prestar esse apoio” aos palestinianos e evitar que milhares de pessoas “morram literalmente de fome”.

A Austrália anunciou no final de janeiro que iria cortar as verbas atribuídas à agência da ONU – medida semelhante à tomada por outras nações como o Reino Unido, os Estados Unidos e a Alemanha – depois de Israel ter denunciado a cumplicidade de uma dezena de funcionários da UNRWA com o ataque do grupo islamita Hamas contra Israel, que deixou mais de 1.200 mortos em 07 de outubro.

A agência das Nações Unidas despediu uma dezena de funcionários acusados de colaborar com o Hamas e abriu uma investigação sobre estas acusações.

Na sexta-feira, cerca de trinta especialistas em direitos humanos das Nações Unidas assinaram uma declaração conjunta a pedir aos vários países doadores que reconsiderassem a suspensão da ajuda à UNRWA.

A suspensão financeira anunciada por 18 Governos, segundo a declaração, “ocorre num momento de vida ou morte para dois milhões de palestinianos em Gaza que vivem condições catastróficas devido aos ataques militares em grande escala de Israel, que o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) considerou plausível ser um genocídio”.

“Mesmo que as acusações [contra uma dúzia de trabalhadores] sejam provadas, a UNRWA, que emprega 13 mil pessoas em Gaza e presta serviços a 1,7 milhões de refugiados palestinianos, não deve ser responsabilizada e punida coletivamente”, sustentaram os especialistas, assim como outros relatores e membros de grupos de trabalho da ONU.

Os Governos que decidiram suspender o financiamento da UNRWA são os da Alemanha, Austrália, Áustria, Canadá, Estados Unidos, Estónia, Finlândia, Islândia, Itália, Japão, Letónia, Lituânia, Nova Zelândia, Países Baixos, Reino Unido, Roménia, Suécia e Suíça.

Portugal, por outro lado, anunciou na semana passada uma contribuição adicional de um milhão de euros para a Agência das Nações Unidas de Apoio aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA).

CSR//CFF

By Impala News / Lusa

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