Agência da ONU para palestinianos suspende operações em Khan Yunis com hospitais em colapso

A Agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA) indicou hoje que suspendeu as operações no oeste da cidade de Khan Yunis, sul de Gaza, devido a contínuos ataques israelitas que provocam o colapso total dos hospitais.

Agência da ONU para palestinianos suspende operações em Khan Yunis com hospitais em colapso

O diretor da UNRWA em Gaza, Thomas White, indicou que agência “foi obrigada a fugir” da cidade e “transferir todas as suas operações para fora de Khan Yunis”, quando o sistema de saúde se degrada nesta cidade e os hospitais estão repletos de feridos.

“A UNRWA, juntamente com a população da cidade, teve de abandonar o oeste da cidade e fugir para os arredores, para perto da costa, para aí restabelecer as suas operações”, disse White num vídeo difundido na conta da agência nas redes sociais.

O mesmo responsável indicou que perderam “uma clínica, importantes refúgios e instalações para apoiar a população de Khan Yunis”, acrescentando que 194.000 pessoas “estão a registar-se junto da UNRWA nos arredores da cidade”.

Em paralelo, o responsável pela unidade de emergências do hospital Nasser, em Khan Yunis, referiu-se a um elevado número de feridos entre os deslocados, uma situação “catastrófica” que também atinge o Al Amal, outro edifício hospitalar.

“A situação está a agravar-se no complexo médico Nasser e no hospital Al Amal em Khan Yunis”, a região mais importante do sul do enclave palestiniano, indicou em comunicado Ashraf Al Qudra, porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo movimento islamita Hamas.

“A sua catastrófica situação ameaça com a morte de muitos feridos e doentes, devido aos ataques e à falta de capacidade médica”, acrescentou, ao assegurar que os dois hospitais estão sem alimentos e que os níveis de combustível — necessário para o funcionamento das máquinas e eletricidade — diminuíram de forma crítica.

“Responsabilizamos totalmente a ocupação israelita pelas vidas do pessoal médico, dos doentes e das pessoas deslocadas” que se encontram nos hospitais, sublinhou o ministério.

O serviço de emergência Crescente Vermelho palestiniano, que atua em Gaza, assegurou que as forças israelitas “ainda permanecem estacionadas na zona sudeste do hospital Al Amal, onde foram colocados atiradores especiais nos telhados das casas que rodeiam o hospital”.

O Crescente Vermelho disse que soldados israelitas atacaram na manhã de hoje civis deslocados e vários dos seus trabalhadores no hospital Al Amal, com um balanço de sete mortos, incluindo um paramédico.

O Exército israelita considera que os principais líderes do Hamas estão escondidos em Khan Yunis, e desde há várias semanas que redobrou a sua ofensiva por terra, mar e ar nesta zona.

Nos últimos dias, o Exército ordenou a retirada de centenas de milhares de civis de diversas zonas de Khan Yunis, forçando-os a deslocarem-se mais para sul, onde também decorrem bombardeamentos e combates.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.

Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 26.900 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes — e feridas mais de 64.000, também maioritariamente civis.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 07 de outubro, pelo menos 365 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 5.600 detenções e mais de 3.000 feridos.

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By Impala News / Lusa

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