João Ricardo: «Com 16 anos, fui trabalhar para as obras. Senti uma grande revolta”»

Passaram sete anos desde que o ator deu esta entrevista à revista TV7Dias. Na altura recordava alguns momentos dramáticos que viveu.

Numa altura em que se homenageia o ator João Ricardo que faleceu esta quinta-feira, 23, vítima de um tumor cerebral, o site da TV7 Dias recorda uma entrevista feita ao ator, há cerca de sete anos, por ocasião da Gala TV7Dias onde foi eleito Melhor Ator de Elenco, quando este ainda não sabia o que o futuro lhe reservava.

Filho de pais separados, viu-se condenado a crescer sem o colo da mãe, a quem só deu a mão três meses antes desta morrer. FugIu do pai aos 16 anos, domiu na rua, roubou para comer e escapou por pouco a uma vida de marginalidade.

Quando escrever um livro auto­biográfico, o título será “A Amar­gura de Um Palhaço”, “por ser uma personagem dos afectos, que en­caixa o fracasso e a fatalidade”. João Ricardo, de 46 anos, procura constituir uma família, depois de fugir de casa aos 16 anos. Sem mãe e em rota de colisão com o pai, dormiu na rua com os marginais… para nunca ter de voltar atrás.

João abre agora o livro da sua vida para os portugueses perceberem que o ator que nos diverte todas as noites, com o bo­nacheirão e bem-disposto Armando Cou-tinho, de Laços de Sangue, teve uma vida marcada por “buracos negros”, durante a infância e já na maioridade. Uma história ainda não explicada ao filho, Rodrigo, de apenas cinco anos.

A primeira ferida foi aberta há 42 anos e nunca chegou a sarar. Esteve cerca de 35 anos quase sem falar com a mãe e a aproximação só se deu no natal de 2003, três meses antes de ela morrer. “Ela fez-­­me muita falta”, confessa, com os olhos marejados. Os pais, Fernando Oliveira Ricardo e Maria Eugénia Santos Ricardo, separaram-se quando tinha apenas quatro anos. “Há um intervalo na minha vida em que senti muito a falta da minha mãe. Ela faleceu há sete anos, mas vi a minha mãe menos de dez vezes, desde que ela se divorciou. Tenho todo este es­tigma de viver com um homem e uma avó. Foi com isso que cresci: com a ho­nestidade da educação, por parte do meu pai, e o colo da minha avó”, afirma.

Longe de culpar os pais, João Ricardo sente que foi vítima de uma sociedade radical, na década de 60. “As separações eram raras, drásticas e violentas. Era do tipo: ‘Aquela é a tua mãe que se foi embora’. E o ‘foi­se embora’tem nomes por trás disso. Uma mulher que fugia por amor, ou por outra coisa, era cono­tada negativamente.”

Apesar de ao longo do tempo ter ouvido diferentes versões sobre a separação dos pais, o ator teve plena noção – sem nun­ca o afirmar com todas as letras – que a mãe fugiu por amor. E reconhece que o pai é muito pouco emotivo.“O meu pai não é muito de afetos e foi machista… sem querer. A única vez que vi o meu pai chorar foi no funeral da minha mãe, e assumiu claramente que a tinha per­dido por culpa dele – hoje, quando fala dela, é com um enorme carinho.”

O Natal perfeito… 35 anos depois

“Pelas condições da vida”, João Ri­cardo nunca chegou a procurar a mãe. O momento mais cúmplice foi há sete anos. O ator recorda esses instantes com ter­nura:

“Nesse Natal, passámos por tudo. Estivemos a ver televisão, de mão dada, com um grande amor. Ficou tudo re­solvido, mas também ficou muito por dizer. Se calhar, é a pessoa que mais me protege. Vou visitar a campa dela, dizer-­lhe que estou aqui e para ela to­mar conta de mim – mesmo com esta idade.”

À boleia desta nostalgia, o ator expõe fragilidades. “Se ainda tivesse tido tempo para falar com ela, diria que mãe é sempre mãe. Obrigaram-na, sem que­rer, a ter um problema de consciência na vida, pela separação do meu pai, e a viver com esse estigma, e aquilo que queria dizer sempre à minha mãe, onde ela estiver, é que pode ficar tranquilís­sima, que eu reconheço que tudo o que ela fez foi para ser feliz – e um filho não tem de ser propriedade de ninguém. Sem querer, foi obrigada a recusar o filho, mas foi a melhor mãe do Mundo.”

Trabalho pesado na infância (…)

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