Crime usa Inteligência Artificial para copiar rosto e voz de vítimas

A Inteligência Artificial traz avanços positivos, mas também acende o alerta para os limites da tecnologia. O novo golpe “deep fake” usa-a para enganar vítimas em todo o mundo.

Crime usa Inteligência Artificial para copiar rosto e voz de vítimas

Apesar de a Inteligência Artificial (IA) aprimore processos e aumente a produtividade de empresas e serviços, entre outros, também tem sido uma poderosa ferramenta para a aplicação de golpes online, como o “deep fake”.

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Recentemente, um caso na China chamou a atenção depois de criminosos utilizarem a IA para clonarem os rostos das vítimas em chamadas de vídeo e aplicarem golpes online. Este golpe permitiu-lhes arrecadar quantias avultadas, depois de as vítimas transferirem dinheiro para o ‘amigo’ com necessidades.

Como funciona a IA que clona rosto e voz para aplicar golpes online

De acordo com Bendev Junior – especialista em programação de aplicações web, empreendedor no ramo de desenvolvimento de softwares e Tech Influencer –, a tecnologia “deep fake” não é nova, mas com o desenvolvimento da Inteligência Artificial tem-se tornado mais acessível, facilitando o seu uso para golpes online.

“A tecnologia ‘deep fake’ existe há alguns anos, mas com o crescimento da Inteligência Artificial o seu acesso foi facilitado. Utiliza redes neurais artificiais [ramo da inteligência artificial], para criar conteúdo falsificado extremamente convincente”, diz.

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“Primeiro, coletam e alimentam a rede neural com vários exemplos de vídeos e de imagens da pessoa-alvo”, explica. Estes dados “podem ser obtidos até mesmo nas redes sociais e são usados para ensinar e treinar o modelo a reconhecer e a entender as características faciais específicas da pessoa em questão”. Com base nesse treino, a rede neural é capaz de “gerar fotos e vídeos sintéticos idênticos à pessoa-alvo”, garante.

O processo de clonagem de voz com recurso à IA é similar. “Começa com a recolha de amostras de áudio da pessoa-alvo, usadas para treinar um modelo de inteligência artificial com a finalidade de reconhecer e reproduzir os padrões vocais daquela pessoa. A partir desse treino, o modelo é capaz de gerar novas gravações de voz que imitam com precisão a voz original”, alerta Bendev Junior.

“Deep fake” sem lei pode porém ser considerado crime informático

De acordo com a advogada e consultora jurídica Lorrana Gomes, o uso de IA ainda não está regulamentado, mas atos que utilizem a tecnologia podem ser enquadrados noutros crimes. “Não existe, de facto, legislação específica sobre o uso de Inteligência Artificial que possa ser usada nestas situações, mas existem outros crimes em que este tipo de conduta pode ser enquadrada”, explica.

Por exemplo, “o crime de fraude informática pode gerar condenações”, uma vez que “este tipo de crime pode ser feito com ou sem o auxílio de softwares de IA”. Além disso, a clonagem do rosto de alguém para fins indevidos “pode ser enquadrado em falsidade de identidade”, também punível criminalmente, acrescenta Lorrana Gomes.

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Cada caso é um caso “e deve ser analisado de forma individual”. Dependendo da situação, outros crimes podem ser cometidos como a utilização da Inteligência Artificial, como “calúnia, difamação, injúria, entre outros”, finaliza a jurista.

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