Fungo altamente resistente deixa médicos em alerta: “Mundo não está preparado”

Fungo já foi detetado em vários países e médicos temem nova epidemia.

Fungo altamente resistente deixa médicos em alerta:

Os médicos alertam que “o mundo não está preparado” para o que se segue. Isto porque uma doença fúngica altamente contagiosa foi detetada em duas mulheres, com idades entre 28 e 47 anos. Trata-se de micose grave – também conhecida como tinea – que tem mostrado ser resistente a tratamentos. As duas pacientes sofreram lesões no pescoço, nádegas, coxas e abdómen.

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David Denning, professor de doenças infecciosas na Universidade de Manchester, explica que a infecção pode ser transmitida facilmente e está a espalhar-se pelos países. “As infecções fúngicas da pele são transmitidas de uma pessoa para outra nas escolas, casas e contacto íntimo. Este novo fungo resistente à terbinafina é uma nova espécie chamada Trichophyton indotineae e foi identificada pela primeira vez na Índia. A enorme diáspora indiana fez o fungo espalhar-se para outros países, incluindo Canadá, Alemanha e agora para os Estados Unidos”.

Infeção já se espalhou pelos Estados Unidos

A paciente, de 28 anos, desenvolveu uma erupção cutânea característica da infecção no verão de 2021, durante a gravidez. Procurou ajuda médica e foi diagnosticada com tinea e medicada com terbinafina. Porém, o efeito foi nulo. Nesse sentido, os médicos substituíram a medicação por um antifúngico mais potente, o itraconazol, que, em quatro semanas, eliminou a erupção cutânea. Um motivo de preocupação para as autoridades sanitárias é que a mulher não saiu do país nos últimos meses, sinal de que a infecção já se espalhou nos EUA.

A segunda mulher registou os primeiros sintomas durante uma visita ao Bangladesh, no verão de 2022. Quando regressou ao país norte-americano, foi tratada com vários cremes e medicamentos diferentes, incluindo terbinafina, que não surtiram qualquer efeito. Os médicos recorreram a um outro medicamento, a griseofulvina. Os resultados foram evidentes: os sintomas melhoraram em cerca de 80%.

“Mundo não está preparado”

Denning lembra que, durante os últimos vinte anos os médicos trataram estas infecções com terbinafina. Porém, esta nova espécie de fungo mostra ser mais resistente. “Durante duas décadas, tratámos com terbinafina oral durante três semanas, com muito sucesso, até que essa nova espécie de fungo chegou. A explicação mais plausível é o uso frequente na Índia de terbinafina tópica (creme e pomada), que não cobre totalmente a área infectada nem penetra profundamente na pele, dando origem a variantes resistentes”, começa por explicar.

“Felizmente, o itraconazol na dose de 400mg diários costuma ser eficaz. Mas saber se o fungo é ou não dessa espécie incomum e se é resistente à terbinafina ou não, requer testes especializados em laboratório”, acrescenta. Denning alerta  que “o mundo ainda não está preparado para o que provavelmente se irá tornar numa epidemia de evolução lenta”.

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Foto: Shutterstock

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