Bacar Sanhá, antigo segundo-secretário da embaixada da Guiné-Bissau em Portugal, atacou com ácido sulfúrico o namorado da ex-mulher. Carlos Varela ficou à beira da morte, desfigurado, cego, e já foi submetido a dezenas de operações plásticas ao rosto. Tem de usar uma máscara facial, compressora, 22 horas por dia. “Desabou o inferno. Fechei os olhos e quando tento abrir já não consigo. Senti o ácido e fiquei cego em cinco segundos. Começo a arder, a sensação de estar a ser queimado numa fogueira, mas sem chamas que pudesse apagar”, recorda, em entrevista ao Correio da Manhã.

«Atacou-a com desengordurante e cortou-a com vidro»

Lembra que tudo começou em 2019, quando tinha 38 anos e começou a namorar com uma médica cirurgiã plástica, de 35 separada do diplomara mas ainda a viverem na mesma casa, em Sintra. Sanhá nunca ultrapassou o fim do casamento de 12 anos e, em setembro do mesmo ano, a mulher saiu de casa após mais um episódio de violência doméstica. “Atacou-a com desengordurante e cortou-a com vidro”, revela Varela. Dois meses depois, em 10 de novembro, voltou ao apartamento de Sintra para levar a roupa que lá tinha ficado. Carlos acompanhou-a, tal como a PSP. Esta autoridade acabou por ir embora e foi aí que tudo se precipitou.

“Ele mete a chave à porta”, no trinco, mas com a corrente o agressor não conseguiu entrar na casa. Foi então que esguichou uma garrafa de ácido sulfúrico pela abertura e atingiu o namorado da ex-mulher. A médica fechou a porta e, ao aperceber-se de que Carlos tinha sido atingido, arrastou-o para a banheira. “Ela salvou-me a vida”, admite. “Tive de reaprender a andar, falar, comer” lembra. As marcas físicas e psicológicas ficarão para toda a vida.

Fotos: Reprodução CMTV

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