O proeminente historiador e autor Yuval Noah Harari afirma que o ChatGPT está prestes a escrever novos textos religiosos com recurso à inteligência artificial (IA). Yuval, que escreveu a história mais vendida de sempre, Sapiens, diz que, desde que “ganhou o domínio” do nosso idioma, a IA generativa como o ChatGPT tem potencial para moldar aspetos da cultura humana e, assim, criar a sua própria religião.

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“No futuro, poderemos ver os primeiros cultos e religiões da história cujos textos reverenciados foram escritos por uma inteligência não humana”, disse, durante o evento Frontiers Forum, na Suíça. “Claro, as religiões ao longo da história afirmaram que os seus livros sagrados foram escritos por uma inteligência humana desconhecida. Isto nunca foi tão verdade antes.”

As máquinas têm já ferramentas para nos “encaixar num mundo de ilusões semelhante ao Matrix”

“Isto pode tornar-se realidade muito, muito rapidamente, com consequências de longo alcance”, diz, ao alertar que as máquinas têm agora as ferramentas para nos “encaixar num mundo de ilusões semelhante ao Matrix”. “Ao contrário do que algumas teorias da conspiração assumem, realmente não precisamos de implantar chips no cérebro das pessoas para controlá-las ou manipulá-las.”

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“É provável que a IA seja capaz de fazer isto. E, quando ‘entender’, não precisará enviar robôs assassinos para nos eliminar. Pode fazer com que sejam os próprios humanos a puxarem o gatilho.” Pede, portanto regulamentação mais rígida. “Precisamos de agir rapidamente antes que a IA saia do nosso controlo.”

Yuval sustenta-se não apenas na sua experiência científica, enquanto historiador, mas também se suporta nos ecos de uma série de especialistas em tecnologia, incluindo Elon Musk e, mais recentemente, o ‘Pai’ da IA, Geoffrey Hinton, que abandonou a equipa de desenvolvimento de IA da Google, lamentando o seu trabalho “por causa do potencial perigoso” desta tecnologia.

Inteligência artificial “está a eclipsar uma pessoa na quantidade de conhecimento geral”

Além disso, Hinton alerta para as oportunidades ao serviço de “atores malignos” – “líderes mundiais sem escrúpulos, como Vladimir Putin” – que “mais cedo ou mais tarde poderão lançar uma IA de contornos perigosos no mundo”. “Lamento meu trabalho em inteligência artificial por causa dos perigos potenciais decorrentes dos desenvolvimentos neste campo”, diz, citado pelo New York Times.

“Neste momento, o que estamos a ver são coisas como GPT-4 [um chatbot] a eclipsar uma pessoa na quantidade de conhecimento geral. Em termos de raciocínio, não é tão bom. Mas já faz raciocínios simples”, acrescenta, em entrevista à BBC.

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