Segundos antes do avião cair, pilotos da Lion Air leram manual de instruções e rezaram

As gravações de som feitas no cockpit do avião da Lion Air, que caiu em outubro, foram agora divulgadas pelos investigadores.

Segundos antes do avião cair, pilotos da Lion Air leram manual de instruções e rezaram

Os investigadores revelam agora as gravações de som captadas pela caixa-negra do avião da Lion Air, que caiu em outubro, na Indonésia, provocando 189 mortos. Nestas, é possível perceber que, quando o avião começa a fazer movimentos estranhos e a balançar para baixo, o piloto entrega os comandos do Being 737 ao copiloto e começa a ler o manual de instruções.

Os pilotos não conseguiram encontrar uma explicação a tempo e o avião acabou por cair. Nos últimos segundos do áudio, ouve-se o copiloto a rezar. O voo da Lion Air caiu 12 minutos após a descolagem.

Os registos de voz captados no Boeing da Lion Air revelam que os problemas começaram dois minutos após o avião levantar voo. O piloto reportou um «problema de controle de voo» ao controle do tráfego aéreo e, juntamente com o copiloto, examinaram então o manual contendo as listas de eventos anormais.

As investigações ganharam outro relevo depois da queda do avião da Ethiopian Airlines, a 10 de março a leste de Adis-Abeba, e que matou 157 pessoas. Isto porque estes dois desastres aéreos apresentam «semelhanças claras», segundo a análise inicial das caixas negras recuperadas dos destroços deste último acidente.

Semelhanças entre os desastres aéreos

Ambos os aviões eram do modelo MAX 8s, e ambos caíram minutos após a descolagem depois de os pilotos terem relatado problemas no controlo do voo. A preocupação com a segurança levou as autoridades de aviação a manterem o modelo em terra, tirando milhares de milhões de dólares ao valor de mercado da Boeing.

«Aconteceu o mesmo com o avião da Indonésia [Lion Air]. Houve semelhanças claras entre os dois acidentes», disse o porta-voz do Ministério dos Transportes da Etiópia, Muse Yiheyis. «Os dados foram recuperados com sucesso, e foram validados tanto pela equipa norte-americana como pela nossa equipa», disse Muse Yiheyis à Reuters.

A investigação pretende agora perceber se se trata de um defeito num sensor. Os investigadores concluíram no relatório preliminar que há a probabilidade de existir um diferencial de 20 graus entre as leituras dos dois sensores projetados para medir o tom do avião e a direção em que ele se está a mover no ar. O documento mostra ainda que de repente o nariz do avião começa a balançar para baixo, um movimento que os investigadores consideram que pode ter sido causado pelo disparo incorreto do novo sistema anti-stall automatizado no modelo Boeing Max – criado para compensar o tamanho dos motores a das asas deste novo modelo aéreo.

Os investigadores apontam ainda para o problema da formação dos pilotos para lidarem com este sistema. Os peritos revelam que, no avião da Lion Air, o piloto tentava que o avião subisse, mas o computador continuava a obrigá-lo a descer. As gravações mostram ainda que os pilotos estavam apenas preocupados com a «velocidade e a altitude» e não terão pensado no sistema MCAS.

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