Timor-Leste reitera apoio às reivindicações de Pequim sobre soberania de Taiwan

Timor-Leste reiterou este fim de semana a adesão ao princípio “Uma só China”, visto por Pequim como garantia de que Taiwan é parte do seu território, numa declaração conjunta emitida após um encontro entre os líderes dos dois países.

Timor-Leste reitera apoio às reivindicações de Pequim sobre soberania de Taiwan

O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, reuniu-se, no sábado, com o presidente chinês, Xi Jinping, em Hangzhou, na costa leste da China, à margem da cerimónia de abertura dos Jogos Asiáticos, evento multidesportivo que se realiza a cada quatros anos.

A declaração conjunta, difundida pela agência noticiosa oficial Xinhua, indicou que Timor-Leste “reconhece que só existe uma China no mundo” e que o “governo da República Popular da China é o único governo legítimo que representa toda a China”.

“Taiwan é parte inalienável do território chinês. Timor-Leste opõe-se a qualquer forma de ‘independência de Taiwan’ e não estabelecerá qualquer tipo de relacionamento oficial, nem conduzirá qualquer tipo de contacto oficial com Taiwan”, lê-se no documento, publicado pela agência estatal chinesa.

“Timor-Leste apoia os esforços do governo chinês para concretizar a reunificação nacional”, acrescentou.

A China lançou, nos últimos anos, uma campanha para isolar internacionalmente a ilha, ao tentar fazer passar para o seu lado os aliados diplomáticos de Taipé e bloquear a participação do território em organizações internacionais.

Pequim passou também a enviar quase diariamente navios e aviões de guerra para próximo de Taiwan.

O território insular mantém, atualmente, relações diplomáticas com 14 países e, embora, nos últimos anos, tenha perdido aliados, Taipé intensificou os intercâmbios oficiais com países como a Lituânia e a Eslováquia, que não reconhecem formalmente Taiwan como um país, através da abertura de agências de comércio e investimento nos respetivos territórios.

Na declaração conjunta, Timor-Leste expressou também a sua “apreciação” pelas iniciativas propostas por Xi Jinping, que visam aproximar Pequim do centro da governação das questões internacionais, incluindo a Iniciativa de Desenvolvimento Global (GDI, na sigla em inglês) ou o gigantesco projeto de infraestruturas “Faixa e Rota”.

Estes planos são apresentados por Pequim como iniciativas multilaterais que visam “promover o desenvolvimento” e “aliviar a pobreza” nos países em desenvolvimento, agora denominados como “Sul Global”.

Estas iniciativas, no entanto, são acompanhadas pela fundação de instituições que rivalizam com agências estabelecidas, como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional.

O maior relacionamento entre Pequim e os países envolvidos abarca também um aumento da cooperação no ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou acordos financeiros, visando elevar o papel internacional da moeda chinesa, o yuan.

A declaração conjunta indicou que “as duas nações enalteceram as conquistas da cooperação no âmbito da ‘Faixa e Rota'” e que vão assinar um plano de cooperação sobre aquela iniciativa o “mais cedo possível”.

A China “manifestou vontade de encorajar as suas empresas a participar ativamente no desenvolvimento de infraestruturas, incluindo estradas, pontes e portos” e “implementar projetos agrícolas” que assegurem a autossuficiência alimentar e a modernização da agricultura em Timor-Leste, frisou o documento.

As duas nações concordaram ainda em explorar a inauguração de um voo direto.

JPI // MLL

By Impala News / Lusa

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