Moçambique/Ataques: Atos “macabros” são protagonizados por “grupinhos” de “extremistas violentos”

O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, afirmou hoje à Lusa que os atos “macabros” que assolam há duas semanas o sul daquela província moçambicana são protagonizados por “grupinhos” de “extremistas violentos”, mas que ainda acredita na reconciliação.

Moçambique/Ataques: Atos

Em causa estão os vários ataques em diferentes aldeias de distritos no sul de Cabo Delgado, sobretudo em Chiùre, depois de nos últimos anos, desde 2017, as ações dos insurgentes se terem concentrado no centro e sul da província.

“Está havendo um grupinho fazendo assustar as pessoas nas comunidades e as pessoas só de ouvirem que são eles, que são os extremistas que estão aí a vir, cria pânico nas aldeias”, reconheceu à Lusa, em Pemba, capital da província, o governador Valige Tauabo.

Trata-se de “ações macabras que estão a ser protagonizados pelos extremistas violentos e que desaguam mesmo no terrorismo”, apontou.

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou nas duas últimas semanas vários ataques e vítimas mortais, sobretudo no sul da província de Cabo Delgado, com casas, igrejas e pequenos hospitais destruídos, ações em crescendo desde dezembro, após uma acalmia durante o ano de 2023.

“No sul da província não era comum as ações que eram realizadas no norte e centro”, afirmou Tauabo, reconhecendo que estes ataques têm provocado o “pânico nas comunidades”, sobretudo de Chiùre.

“Ficaram agitadas, todas. E não é para menos”, lamentou.

Só para a vila de Chiùre, o último refúgio relativamente seguro naquele distrito, a autarquia local estima que já fugiram mais de 13.000 pessoas nos últimos dias, num fluxo permanente de novos deslocados todos os dias, que chegam após vários dias de caminhada.

Os ataques insurgentes em Cabo Delgado começaram em 2017, mas o governador recorda que a partir de novembro de 2022 a população que se tinha deslocado do norte e centro para os distritos no sul, “procurando segurança” — estima-se que mais de um milhão de pessoas –, começaram a regressar às aldeias de origem.

“Em 2023 já se fazia sentir um bem-estar, porque aquela população toda que tinha saído já se encontrava nas suas aldeias (…) Já no fim de 2023 começaram bolsinhas a aparecer, alguns nichos, com intervenções nas aldeias, mas com uma abordagem um pouco diferente da que se viveu no passado”, detalhou Valige Tauabo.

O Presidente da República, Filipe Nyusi, tem reiterado publicamente nos últimos meses o apelo ao regresso às suas comunidades dos jovens moçambicanos alegadamente recrutados por estes grupos, garantindo que serão bem recebidos nas comunidades.

Uma reconciliação que o governador de Cabo Delgado entende ser necessária, para permitir o regresso dos “muitos” moçambicanos que foram “forçados a juntar-se” aos grupos insurgentes.

“É muito forte, sobretudo quando sai do chefe de Estado. Também notamos que houve a entrega de muitos e foi naquele período em que não houve nada”, aponta, acreditando que no terreno ainda está um “último grupo de jovens” que não aceita essa reconciliação.

“Pensam que regressar é vir com os seus instrumentos contundentes para as aldeias. Então, é isso que vai ser esclarecido pelas forças nos próximos momentos”, disse.

Além dos ataques insurgentes, Cabo Delgado debate-se com os efeitos das alterações climáticas, nomeadamente extremo calor e fortes chuvas que cortaram estradas “cruciais” e deixaram várias povoações isoladas nas últimas semanas.

Um cenário que para o governador faz com que Cabo Delgado peça “mais uma vez a presença de todos aqueles” que “já apoiaram tanto” a província tanto no passado, “quando a situação ainda estava mais difícil”.

“Mais uma vez olharem por nós e ajudarem-nos a ter uma esperança permanente”, concluiu.

PVJ/EAC/RYCE // VM

By Impala News / Lusa

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