João Varandas Fernandes teme «insustentabilidade financeira do SNS»

«Se nada for feito no curto e médio prazo, a insustentabilidade financeira do SNS agravar-se-á, seguramente», alerta João Varandas Fernandes, médico e professor.

João Varandas Fernandes teme «insustentabilidade financeira do SNS»

Médico e professor na Universidade Autónoma de Lisboa, João Varandas Fernandes teme que discussão sobre a Lei de Bases da Saúde e as Parcerias Público-Privadas (PPP) seja uma «perda de tempo», alertando para problemas mais importantes e prementes. Num artigo que assina no jornal Público, o clínico aponta, entre outros, para o problema do «desperdício» no sistema de saúde. «Sabemos que há diversas áreas de prestação de cuidados de saúde em que há acréscimo da actividade. Nas 225 instituições de saúde, a eficiência não é idêntica. Para serem atingidos objectivos em saúde, não se pode aceitar a falta de capacidade de gestão e a inexistência de contributos individuais dos profissionais de saúde. Assistimos ao fracasso na maioria das instituições existentes na procura da eficiência operacional», constata.

LEIA DEPOIS
Previsão do tempo para domingo

Luta contra o desperdício na Saúde «é um desígnio que deve estar sempre presente», aponta João Varandas Fernandes

Para o professor universitário, «lutar contra o desperdício, para se obter contenção de mais recursos financeiros face aos cuidados de saúde prestados, é um desígnio que deve estar sempre presente», indica. «Seja qual for a análise dos caminhos para a sustentabilidade financeira, é fundamental o controlo dos mecanismos de avaliação de novas tecnologias e de intervenção em saúde. É da responsabilidade do SNS classificar quais as inovações que têm efectivamente valor terapêutico e quanto se justifica pagar para a sua utilização. Existe esta experiência de avaliação na área do medicamento e com resultados positivos.»

Discutir a «lei de Bases da Saúde e as Parcerias Público-Privadas é desperdício de energia e de tempo»

«Na melhoria do funcionamento do sistema de saúde é também determinante a capacidade de organização em cada grupo de profissionais. Pela mesma razão, é muito importante o papel de proximidade que cabe tradicionalmente no SNS ao médico especialista de Medicina Geral e Familiar, havendo os recursos obrigatórios. Durante demasiado tempo, os decisores políticos tiveram uma atitude de concordância com o sistema de saúde público, mas este acordo transformou-se em inércia e o problema é tão grande e tão complicado que muitos já encolhem os ombros e desistem. O que está na agenda política é a Lei de Bases da Saúde e as Parcerias Público-Privadas (PPP), o que como todos sabemos por experiência é desperdício de energia e de tempo.

LEIA MAIS
Costa afirma que nova Lei de Bases da Saúde respeita «linhas vermelhas» de Marcelo
BE vai votar a favor de nova Lei de Bases da Saúde
PCP anuncia acordo com o PS na Lei de Bases da Saúde

Impala Instagram


RELACIONADOS