Borrell diz que é preciso definir os passos para a solução de dois Estados

O alto representante da UE defendeu hoje que é preciso definir os passos para alcançar a solução de dois Estados, no conflito entre Israel e Palestina, ou falar disso é repetir um “mantra como forma de lavar as mãos”.

Borrell diz que é preciso definir os passos para a solução de dois Estados

“Falar de uma solução de dois Estados sem definir os passos progressivos para lá chegar não é útil. Esta é a altura. Talvez seja uma chamada de atenção para que a comunidade internacional tome isto a sério”, disse o alto representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Josep Borrell, na sessão de abertura do Diálogo de Manama, no Bahrein.

O político espanhol afirmou que “o fim [do conflito] é bem conhecido, é a solução de dois Estados”, mas mostrou-se reticente em falar sobre isso não porque não acredite nela ou veja outra solução, mas porque há 30 anos se diz o mesmo para depois “não se fazer quase nada”.

Além disso, advertiu, repetir a solução de dois Estados sem a implementar foi o que deu “cobertura táctica à estratégia de expansão dos colonatos na Cisjordânia”.

“Há agora quatro vezes mais colonos e o território palestiniano foi reduzido a um arquipélago de pequenas porções de terra não ligadas entre si”, disse.

Para Borrell, esta situação “torna muito mais difícil a solução de dois Estados” que tanto se prega, afirmando que tanto os europeus como os árabes têm uma responsabilidade especial em se envolverem mais nessa solução e irem mais longe, além “daquele mantra que é repetido uma e outra vez como forma de lavar as mãos”.

O alto representante europeu afirmou que para que esta solução seja real é necessário deixar claras as linhas vermelhas que não podem ser ultrapassadas: não há reocupação dos territórios palestinianos nem deslocação forçada da população palestiniana.

Para Borrell, não há três territórios palestinianos: Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

“Há um território palestino. Portanto, não haverá redução do território de Gaza”, disse na sua intervenção.

Perante este cenário, Borrell afirmou que “o Hamas já não pode ter o controlo de Gaza” e apontou a Autoridade Palestiniana como a “única” entidade que o poderá fazer, isto depois de esta sexta-feira se ter reunido novamente em Ramallah com os líderes da Autoridade Palestiniana.

Lembrou ainda que visitou Gaza em 2008 e desde então já foi reconstruída quatro vezes.

“Não se trata de reconstruir edifícios. Trata-se de construir Estados”, disse, exortando os países árabes a que assumam as suas responsabilidades políticas, especialmente “aqueles que têm boas relações com Israel”.

Reivindicou ainda Borrell o “papel crucial” do Egito e da Jordânia pelos seus laços e envolvimento com a comunidade palestiniana,

Borrell concluiu o seu discurso afirmando que “Israel merece segurança e os palestinianos merecem dignidade” e reiterou que “um horror não justifica outro horror”, em referência à ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza, que já fez mais de 16.000 mortos em retaliação contra o ataque do Hamas ao território israelita. Esse ataque, em 07 de outubro, causou mais de 1.200 mortes.

“Quantas vidas inocentes há que perder antes de entendermos isto”, perguntou.

Esta reflexão de Borrell aconteceu quando decorria, ao mesmo tempo, o encontro entre a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Egito, Abdelfatah al Sisi, que foi concluído com uma mensagem comum em defesa da solução de dois Estados como “horizonte político”.

Tanto Von der Leyen como Borrell viajam este fim de semana para diferentes países do Médio Oriente para abordar a crise humanitária na Faixa de Gaza devido à guerra entre Israel e o Hamas.

No domingo, Borrell viajará para o Catar para se reunir com o emir daquele país e com o primeiro-ministro.

IM // MAG

By Impala News / Lusa

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