Bicicletas ajudam a mudar vidas de educadoras e crianças na Ilha de Moçambique

Pelas mãos de Fátima Cassimo, educadora no Centro Infantil da Ilha de Moçambique, passam diariamente dezenas de crianças, mas em breve as mesmas vão servir também para guiar, pela primeira vez, uma bicicleta, num projeto da cooperação portuguesa.

Bicicletas ajudam a mudar vidas de educadoras e crianças na Ilha de Moçambique

“Vou aprender agora, porque não tinha. Já que temos no serviço, vou aproveitar”, explicou a educadora, em declarações à Lusa, depois da entrega, hoje, de 20 bicicletas num projeto financiado pelo Instituto Camões.

Trata-se do projeto Promoção e Desenvolvimento do Ensino Pré-Escolar no Cluster da Cooperação Portuguesa na Ilha de Moçambique, gerido pela Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) portuguesa Helpo, que vai agora permitir a 46 trabalhadores de quatro escolinhas da Ilha de Moçambique, frequentadas atualmente por 279 crianças, utilizar bicicletas no dia a dia de trabalho, mas também nas deslocações para casa.

“É longe. Costumo atrasar, quando levar a bicicleta lá em casa, não vou atrasar”, brincou a educadora, sem esconder a emoção de aprender a andar de bicicleta, aos 35 anos, nove dos quais a trabalhar naquele centro infantil.

“Eu vou levar para casa para aprender”, disse.

Além das 20 bicicletas de adulto, esta entrega envolveu a oferta de 24 bicicletas júnior pela Mozambikes, a utilizar na aprendizagem e no recreio pelas crianças dos centros infantis da Ilha de Moçambique e do Lumbo, e pelas escolinhas comunitárias de Jembesse e Filipe Samuel Magaia.

“Vão aproveitar para aprender, fazer ginástica. Vai-nos ajudar”, garantiu Fátima.

Andreia Pinho Alves, gestora de projetos do cluster de Cooperação Portuguesa na área de educação pré-escolar na Ilha de Moçambique vê nesta entrega, simbólica, mais um passo para melhorar a educação local: “Contribui para o desenvolvimento das nossas crianças e para uma educação de qualidade aqui no distrito”.

Cada uma destas quatro escolinhas vai receber seis bicicletas para crianças, enquanto “ferramenta para trabalhar o equilíbrio, o desenvolvimento de competências sociais, relacionais, em termos de desenvolvimento motor das crianças”, disse.

Já as bicicletas de adulto, partilhadas entre todos em regime de escala, vão dar autonomia aos colaboradores nas suas deslocações, “economizando” e contribuindo para a proteção ambiental. A entrega foi ainda antecipada de uma “formação de segurança rodoviária”, já que muitos dos trabalhadores, a grande maioria mulheres, nunca andou de bicicleta, e em manutenção.

“Tanto na manutenção da bicicleta como numa condução mais consciente e mais preventiva na estrada. Por outro lado, as bicicletas de crianças foram acompanhadas de uma formação de atividades pedagógicas para que a equipa se sinta mais capacitada e seja mais criativa nas atividades pedagógicas”, detalhou Andreia Pinho Alves.

Simbolismo partilhado pelo embaixador de Portugal em Moçambique: “Significam muito mais do que as bicicletas em si”.

António Costa Moura recordou que a Cooperação Portuguesa “tem uma longa tradição de colaboração” nestes projetos de apoio à pequena infância e ao ensino primário e pré-primário, em conjunto com ONGD como a Helpo.

“Temos um projeto integrado de desenvolvimento de cooperação nas diferentes áreas da reabilitação urbana, da higiene pública, do tratamento de águas, de resíduos sólidos, na ilha de Moçambique. E este é um bom complemento dessa abordagem integrada que Portugal tem e vai continuar”, destacou.

O projeto de Promoção e Desenvolvimento do Ensino Pré-Escolar no Cluster da Cooperação Portuguesa na Ilha de Moçambique, é financiado pelo Estado português, tendo como parceiros o município da Ilha de Moçambique e o Governo de Moçambique. Pretende apoiar a educação pré-escolar no distrito da Ilha de Moçambique, criando um projeto educativo de qualidade e inclusivo.

Silvério João Nauaito é administrador da Ilha de Moçambique e não deixou de reconhecer a “contribuição muito valiosa” que representam as bicicletas: “Algumas educadoras vivem um bocadinho longe daqui e vai-lhes ajudar, de certa forma, a encurtar as suas distâncias”.

E para as crianças, disse, é uma “forma única” de aprenderem a pedalar, e um estímulo “fenomenal” para combater o abandono escolar: “Vêm para a escola com muita vontade”.

O projeto de Promoção e Desenvolvimento do Ensino Pré-Escolar Cluster da Cooperação Portuguesa na Ilha de Moçambique arrancou em 2012, com uma escolinha comunitária, tendo começado a ser gerido pela Helpo três anos depois.

PVJ/LN // MLL

By Impala News / Lusa

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