Preços das casas novas na China registam maior queda desde 2015

Os preços das casas novas na China caíram 0,45% em dezembro, face ao mês anterior, na maior queda desde 2015, segundo dados divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) do país.

Preços das casas novas na China registam maior queda desde 2015

Em novembro, este indicador – que toma como referência os preços em 70 cidades e exclui a habitação social – tinha caído 0,37%.

Trata-se da maior queda dos preços das casas novas desde fevereiro de 2015, segundo a agência Bloomberg, que sublinhou também que o valor dos imóveis em segunda mão caiu 0,79% em dezembro, em termos mensais, ao mesmo ritmo que no mês anterior.

Este valor é um novo sinal da crise que afeta o setor imobiliário chinês há mais de dois anos.

Também hoje, o GNE publicou o valor do investimento em construção imobiliária, que caiu 9,1% em 2023.

Estes números também mostram que as vendas totais de edifícios comerciais caíram 6,5%, enquanto as vendas de imóveis comerciais medidos por área útil caíram 8,5%.

“Os problemas do mercado imobiliário persistem e não há sinais de que a correção no setor esteja perto de atingir o seu ponto mais baixo. Isto está a pesar no investimento privado e a dar boas razões para manter as despesas contidas”, explicou hoje Harry Murphy Cruise, economista da Moody’s Analytics.

Na opinião de Cruise, o sucesso económico da China em 2024 estará intimamente ligado à eficácia das autoridades em inverter a situação do mercado imobiliário.

“Sem o enorme aumento da despesa dos últimos anos, o investimento imobiliário, os preços da habitação e os preços das novas habitações parecem estar no bom caminho até 2024. Em 2025, esperamos que o mercado regresse como um humilde motor de crescimento, embora muito longe dos seus dias de glória anteriores a 2021”, previu o especialista.

De acordo com um relatório divulgado no início deste mês pela consultora especializada CRIC, as vendas das 100 maiores construtoras imobiliárias da China caíram 16,5% em termos anuais em 2023, apesar de pelo menos oito das 10 maiores estarem a oferecer descontos em várias partes do país para tentar impulsionar as vendas.

A situação financeira de muitas empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois de Pequim ter anunciado, em agosto de 2020, restrições no acesso ao financiamento bancário para construtoras que acumularam um elevado nível de dívida, incluindo a Evergrande, com um passivo de quase 330 mil milhões de dólares (cerca de 304 mil milhões de euros).

Nos últimos meses, o Governo anunciou várias medidas de apoio, com os bancos estatais a abrirem também linhas de crédito multimilionárias a vários construtores, visando concluir os projetos inacabados, uma questão que preocupa Pequim pelas suas implicações na estabilidade social, uma vez que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas.

Uma das principais causas do recente abrandamento da economia chinesa é precisamente a crise do setor imobiliário, cujo peso no PIB nacional – somando os fatores indiretos – é estimado em cerca de 30%, segundo alguns analistas.

 

JPI // CAD

By Impala News / Lusa

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