PCP quer conhecer fundamentação para aumentar número de crianças por sala de creche

O PCP perguntou à ministra do Trabalho qual é a fundamentação do Governo para aumentar o número de crianças por sala de creche, considerando que se trata de um retrocesso que não tem qualquer critério pedagógico.

PCP quer conhecer fundamentação para aumentar número de crianças por sala de creche

Em declarações à agência Lusa, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, manifestou “grande estupefação” com a portaria do Governo, divulgada esta quarta-feira, que permite que as creches abram mais dois lugares em cada sala e funcionem em contentores e a tempo inteiro, incluindo de noite e aos fins de semana.

“Com este conjunto de alterações, o Governo pura e simplesmente encaminha-se para transformar a resposta em creche como se fosse algum depósito de crianças”, criticou Paula Santos, qualificando a decisão do executivo como “um retrocesso”.

Paula Santos considerou que o Governo não acautelou a necessidade “de adequar o número de trabalhadores” para aumentar o número de crianças por sala de creche, e defendeu que o conhecimento científico desaconselha esse aumento, “porque as crianças precisam de ter o seu espaço”.

Nesse sentido, nas perguntas dirigidas através do parlamento à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, o PCP quer saber em que fundamentação científica é que o Governo se baseou para tomar estas decisões, questionando também se teve em conta o “supremo interesse da criança”.

O partido pergunta ainda se, tendo em conta os “impactos negativos” da decisão, o Governo está disponível para revogar a portaria e “adotar as soluções que garantam a qualidade na resposta em creche e o reforço dos direitos dos trabalhadores”, designadamente através da eliminação dos “mecanismos de desregulação do horário de trabalho”.

Nas declarações à Lusa, Paula Santos manifestou preocupação quanto ao facto de, em vez de o Governo estar a procurar avançar numa perspetiva de “limitar o trabalho por turnos, noturno e ao fim de semana”, esteja a fazer “precisamente o oposto”.

A portaria permite “que as crianças passem mais horas em creche e em períodos que, convenhamos, não são os mais adequados para a permanência nestes espaços”, sustentou.

Ao invés das soluções adotadas, a deputada do PCP defendeu que o Governo deve priorizar “o superior interesse das crianças” e alargar o número de vagas em creche através de “investimento e a criação de mais salas e mais creches”.

Paula Santos considerou que é necessária uma “rede pública de creches”, pedindo que o Governo comece já com esse investimento e advertindo que a falta de uma resposta que dê “confiança e segurança” às famílias condiciona a sua decisão de ter filhos.

Questionada sobre o facto de o Governo considerar que, com mais duas crianças por sala, poderão ser criadas seis mil vagas em creches, Paula Santos considerou que essas vagas são necessárias, mas o critério subjacente à sua criação deve garantir “qualidade pedagógica”.

“Porque é que o Governo, em vez de estar a aumentar as vagas desta forma, não começou a construir creches como nós propusemos? (…) Recusou adotar esta solução e, desta forma, está a contribuir para a degradação da qualidade da creche”, defendeu.

TA // SF

By Impala News / Lusa

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