Rafael Esteves Martins foi de saia para o Parlamento, mas «se pudesse» ia nu

Rafael Esteves Martins revela que falou com Joacine Katar Moreira sobre a sua escolha de vestuário e que a deputada o apoiou na decisão.

Quatro dias depois de ter entrado na Assembleia da República usando uma saia, Rafael Esteves Martins aceitou o convite de Manuel Luís Goucha para, em direto, no programa da TVI Você na TV!, falar sobre o impacto que o seu código de vestuário causou na opinião pública.

O assessor de Joacine Katar Moreira, a primeira deputada eleita pelo Livre, começou por garantir que não esperava a repercussão mediática da sua escolha e que a mesma não foi intencional. «Quando, ontem, o Manel me ligou a dizer ‘vamos falar sobre isto’, eu disse-lhe que não posso ir falar sobre a minha escolha porque sou livre de escolher se ando de saias ou não ando de saias… Se pudesse ir nu, se calhar, ia», equacionou Rafael Esteves Martins, revelando que esta questão foi merecedora de uma conversa com a deputada.

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«Dou aulas de saia, numa instituição que é mais antiga do que a Assembleia da República»

«Quando me foi feito o convite, disse à Joacine: ‘Adoro fatos, mas não gosto de usar fato todos os dias. Há dias em que vou usar fatos, mas há dias em que não vou usar fatos’. Costumo [usar saia]. Dou aulas de saia, numa instituição que é mais antiga do que a Assembleia da República», lembrou, referindo-se ao facto de ser Leitor de Português na Universidade de Oxford, em Inglaterra.

Lá, «é normalíssimo ver homens de saia. Se há coisa que prezo é a minha liberdade. Neste caso, não sou eleito por ninguém, não tenho qualquer tipo de poder. Trabalho para a Joacine, é a ela que tenho de responder.»

Joacine Katar Moreira reagiu com naturalidade e sem receios de, no seu primeiro dia a entrar na Assembleia da República como deputada, passar para segundo plano com a imagem marcante do seu assessor. «Disse à Joacine: ‘Entre outras coisas, visto saias. Espero que isso não seja um problema’. Ela disse-me logo: ‘Sem qualquer problema. E, se quiseres usar no primeiro dia, usas no primeiro dia’. Disse-lhe que ia fazer sombra… E ela disse: ‘Não fazes sombra nenhuma. Não há aqui problema nenhum. Tu és livre de fazer o que bem entenderes e aqui ninguém se mete nas escolhas de ninguém’», relatou.

«Toda a roupa é política», sublinhou assessor

A conversa prosseguiu com o apresentador a perguntar se aquela escolha tinha sido um «ato político». Rafael Esteves Martins prefere olhar para a questão de outra forma: «Toda a roupa é política. […] É óbvio que, num país de certa forma conservador como Portugal, ver um homem na Assembleia da República sem qualquer poder a usar uma saia causa um efeito de estranhamento.»

E se fosse deputado, usaria saia no Parlamento ou o seu código de vestuário seria diferente? «Dependeria da campanha que fizesse, dependeria dos meus eleitores, porque, aí sim, já teria de responder a quem em mim vota, coisa que não aconteceu com a Joacine», assumiu, adiantando o que, verdadeiramente, o chocou.

Texto: Dúlio Silva ; Fotografias: reprodução redes sociais

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