EXCLUSIVO: Pré-publicação da biografia «Mister Jesus», de Rui Pedro Braz

A 10 de dezembro, o Brasil fica a conhecer ‘Mister Jesus’, de Rui Pedro Braz. A obra sobre Jorge Jesus chega a Portugal três dias depois. O Portal de Notícias já leu o livro.

A obra Mister Jesus – 30 Anos de uma Carreira Ímpar promete arrebatar Brasil e Portugal. O livro da autoria de Rui Pedro Braz chega ao mercado brasileiro no dia 10 de dezembro e ao português três dias depois, sexta-feira, 13. O Portal de Notícias da Impala já o leu e revela em exclusivo mundial alguns dos momentos mais marcantes da vida do novo herói da nação futebol. Em 272 páginas, muitas vezes com o discurso direto de Jorge Jesus, nada fica por revelar. «Nada fica por contar, nada fica por recordar» nesta carreira com décadas de «histórias repletas de segredos e emoção». É isto o que escreve o autor na introdução. «Da forma como Jesus trabalha à forma como comunica, das suas origens às suas maiores conquistas, dos profissionais com quem trabalhou aos projectos que abraçou, das suas opiniões sobre o futebol, às opiniões que os seus antigos jogadores têm de si» é o que consta do texto biográfico de JJ assinado por Rui Pedro Braz. «Tudo para que se perceba que nada acontece por acaso e, como diria o checo Zednek Zeman, um dos treinadores que Jesus mais admirou, “o resultado é casual, o desempenho não”.»

Livro de Rui Pedro Braz sobre Jorge Jesus chega a Portugal dia 13

«Nada fica por contar, nada fica por recordar» nesta carreira com décadas de «histórias repletas de segredos e emoção», Rui Pedro Braz

Após o prefácio de Mister Jesus – 30 Anos de uma Carreira Ímpar assinado pelo ‘Imperador’ Júlio César, que Jesus treinou no Sport Lisboa e Benfica, Rui Pedro Braz abre o livro sobre como foi a travessia transatlântica deste «treinador verdadeiramente especial». «No dia 29 de Maio de 2019, numa altura em que as conversações entre as partes não eram ainda assumidas, anunciei em Portugal que Jorge Jesus estava “fechado” como novo treinador do Flamengo. A notícia […] teve eco imediato no Brasil e multiplicou-se de forma exponencial.» A contratação seria de facto oficializada três dias depois «em Madrid, a 1 de Junho, num encontro entre o presidente Rodolfo Landim» e Jorge Jesus. «Estava dado o primeiro passo para uma ligação de sucesso entre um dos maiores clubes do mundo e um treinador verdadeiramente especial.

Autor chocado com preconceito de analistas de Desporto brasileiros

«Aquilo que mais me chocou naqueles primeiros dias do impacto que uma notícia desta dimensão sempre provoca foi a forma preconceituosa como Jorge Jesus foi de imediato analisado e “vetado” em alguns espaços de análise e debate no Brasil. Aspectos como a sua idade, a sua origem, o seu passado ou a sua nacionalidade, tudo serviu para questionar a capacidade de um treinador que ainda não tinha sequer chegado ao Rio de Janeiro e já estava “chumbado” por muitos analistas», confessa Braz. «Tudo mesmo? – questiona. «Bem, quase tudo, porque o mais importante foi ignorado. O seu trajecto superlativo, a sua experiência acumulada, as suas metodologias, a opinião de quem com ele trabalhou e até o seu currículo invejável, nada foi escrutinado de forma profunda.»

As razões para o preconceito

«Após o choque inicial, passei de imediato para a vontade de perceber as razões de tanta resistência, e rapidamente entendi que havia de facto um contexto adverso que justificava alguma desconfiança perante a chegada do Mister Jesus a um clube com a dimensão do Flamengo. Afinal de contas, estamos a falar do maior clube brasileiro, quiçá o maior da América do Sul e certamente um dos maiores do mundo, mas que não ganhava o Campeonato Brasileiro desde 2009 nem chegava a uma final da Copa Libertadores desde 1981, aliás, a sua única presença no jogo decisivo da prova continental», enquadra o autor. «Perante uma tão prolongada fase menos positiva, era mais do que natural que os nervos estivessem à flor da pele e os sentidos mais alerta do que nunca.

«Para ajudar ainda mais a um cenário já de si algo difícil, qual não foi o meu espanto quando constatei que o Flamengo tinha tido nada mais, nada menos, do que cinco treinadores só em 2018. Reinaldo Rueda, Paulo César Carpegiani, Maurício Barberi, Dorival Júnior e Abel Braga conduziram os destinos rubro-negros antes da chegada de Jorge Jesus, o sexto técnico no espaço de apenas 17 meses.» Perante isto, Rui Pedro Braz confessa-se «mais “solidário” com a dificuldade que alguns analistas poderiam sentir na gestão de expectativas com a chegada de Jorge Jesus». Por esse motivo, entendeu ser «muito importante mostrar quem é, realmente, este treinador de perfil tão diferente daqueles a que o Brasil estava acostumado». Escrever o livro ganhava legitimidade, consciencializou-se Braz.

Por que teve tanto sucesso em tão pouco tempo JJ no Brasil

«Nada do que está a acontecer no Flamengo é por acaso», assinala-se em Mister Jesus

JJ teve o sucesso que hoje se conhece de forma tão célere «e a resposta é muito simples: nada do que está a acontecer no Flamengo é por acaso», regista o analista e autor. «Jorge Jesus não é um treinador qualquer, é um profissional de excelência com metodologias e estratégias muito próprias, entre os quais o profundo conhecimento e rigoroso acompanhamento do futebol brasileiro de há muitos anos a esta parte. Se juntarmos a essa informação o ‘absurdo’ número de 108 jogadores brasileiros com quem trabalhou ao longo da sua carreira, apenas em clubes de 1.º escalão, ficamos com uma pequena noção do quão apto o Mister Jesus estava para lidar com as idiossincrasias muito próprias do futebol brasileiro e dos seus jogadores de um modo geral. Repito: nada do que está a acontecer é por acaso. É, isso sim, fruto de uma tremenda capacidade de trabalho por parte de um homem genuíno, competente, criador do seu próprio conhecimento e inovador na sua área de actividade, o futebol profissional.

A carreira e a vida de Mister Jesus

No livro, toda a carreira e, claro, a intimidade do homem por trás do profissional são escrutinados. «São 65 anos de idade, mas, mais importante do que contabilizar os anos de vida de Jesus, devemos contabilizar, isso sim, a vida nesses anos de Jesus», justifica. «São 50 anos ligados ao futebol e 30 anos como treinador profissional com inúmeros objectivos alcançados nos mais diversos escalões em que trabalhou. São 1121 jogos oficiais disputados. São já 138 jogos internacionais entre Europa, Médio Oriente e América do Sul. São 52 empolgantes clássicos em Portugal. E são 17 finais jogadas ao longo de uma carreira repleta de momentos magníficos. A infância e a adolescência, os primeiros pontapés na bola e o trajecto como jogador profissional, a carreira de treinador com todos os momentos altos e baixos que conheceu ao longo de três décadas, nada é deixado ao acaso nas páginas deste livro. Uma obra honesta e frontal, que não visa pintar um retrato que seja algo menos do que fiel à realidade do biografado. Um homem que subiu a pulso dos pelados da Pousada de Saramagos e da Medideira até aos lustrosos tapetes dos maiores palcos do futebol mundial. De Old Trafford a San Siro e de Anfield Road a Camp Nou. Da Cruyff Arena ao Santiago Bernabéu e da Allianz Arena a Stamford Bridge.

Das luzes da ribalta à íntima penumbra familiar

As quase três dezenas deste documentário escrito, o autor conclui que «o futebol não tem segredos para o Mister e o Mister não tem segredos neste livro». Trata-se, garante, de «uma obra sobre a carreira de um treinador do mais belo jogo do mundo, sim, mas é também muito mais do que isso». É «a história do menino que viu o seu avô falecer ao seu lado em pleno Estádio Nacional no mais longo jogo da história, mas é também a história do jovem que decidiu ser jogador depois de adormecer com a cabeça dentro de um prato de sopa». É a história «do futebolista que foi convidado para ser treinador quando ainda estava dentro do campo, mas é também a história do treinador que teve uma arma apontada à cabeça em pleno campo de treinos». «É a história do homem que treinou o irmão de Ronaldinho Gaúcho e o filho de Bebeto, mas é também a história de quem ensinou internacionais das melhores selecções do mundo.»

Texto: Luís Martins com Joana Ferreira | WiN; Fotos: Bertrand Editora, Reuters, Arquivo Impala e D.R.

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