Caçar e comer espécies invasoras pode ajudar a salvar ecossistemas

Aproximadamente um terço das extinções estará relacionada com as espécies invasoras, com prejuízos de milhares de milhões de euros e danos irreparáveis para os ecossistemas. A resposta poderá estar nos humanos: comê-las.

Caçar e comer espécies invasoras pode ajudar a salvar ecossistemas

Estima-se que um terço das extinções aconteçam por ação de espécies invasoras, com um prejuízo de milhares de milhões de euros e danos irreparáveis nos ecossistemas. A solução pode estar nas mãos dos humanos: comer os invasores. Há pelo menos 20 anos que o biólogo conservacionista Joe Roman discutia os mais diversos temas envolvendo espécies invasoras. Pouco tempo depois, tornava-se num dos pioneiros na ideia de trazer espécies invasoras para as nossas ementas.

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Movimento invasivorismo promove a ideia de transformar espécies invasoras em iguarias locais

Muitas destas espécies prejudicam plantações e evitam o crescimento de florestas, como é o caso dos javalis em determinadas zonas de Portugal

O movimento, o invasivorismo (do inglês invasivorism), propaga a ideia de que transformar animais e plantas invasores em especiarias pode, antes de mais, reduzir o efeito desequilibrador destas espécies na biodiversidade. Depois porque a prática do invasivorismo pode ajudar a impulsionar a gastronomia local e alternativa. Nos últimos cem anos, estimativas apontam, no sentido de que os organismos invasores podem ter causado mais de 1,3 triliões de euros em prejuízo no Planeta. Muitas destas espécies prejudicam plantações e evitam o crescimento de florestas, como é o caso dos javalis em determinadas zonas de Portugal, por exemplo. Concluiu-se, igualmente, que a introdução de espécies não autóctones é responsável por um terço de todas as extinções na terra desde 1500.

Sushi de espécies invasoras como o peixe-leão

Originário das águas asiáticas, o peixe-leão é um dos principais invasores da atualidade, principalmente nas costas norte-americanas

Uma espécie invasora é, em primeiro lugar, uma espécie exótica, um animal ou uma planta que acaba num ambiente completamente diferente do seu habitat quase sempre por ação humana. Nesse novo ambiente, a espécie não autóctone – não local – pode encontrar condições melhores do que no seu próprio ambiente natural e prospera. Uma espécie invasora não tem por norma predadores no local que invade e acaba ela própria por passar a predar as nativas ou, no mínimo, a competir intensivamente com as que ocupam níveis semelhantes na cadeia alimentar.

Nos Everglades, na Florida, por exemplo, as pitons birmanesas já acabaram com 99% de todas as espécies de mamíferos terrestres endémicos, desde que as serpentes se tornaram invasoras. Para combater os danos, o governo da Florida oferece recompensas monetárias para que os caçadores as abatam. Os produtos derivados, como a pele e a, carne são posteriormente aproveitados para impulsionar a economia local.

Predadores mecânicos substituem os naturais

O peixe-leão é outro dos invasores mais ameaçadores da atualidade. De origem asiática, acabaram por colonizar as águas da América Central e América do Norte há décadas e têm, desde então, arrasado os ecossistemas por onde passam. É provável, aliás, que estes animais tenham-se tornado invasores por terem sido libertados por criadores de aquários. O lado bom é o de que cada vez mais chefs já adaptaram um prato à carne do peixe-leão: o sushi. Recentemente, investigadores desenvolveram até um pequeno submarino para capturar estes animais, que passou a substituir-se ao papel do seu predador natural.

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