Borrell responsabiliza israelitas por morte de civis que tentavam aceder a alimentos em Gaza

O Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, responsabilizou hoje Israel pela morte de 112 palestinianos em Gaza, quando estes tentavam receber alimentos, e garantiu que “os disparos de soldados israelitas contra civis são injustificáveis”.

Borrell responsabiliza israelitas por morte de civis que tentavam aceder a alimentos em Gaza

Com esta acusação explícita ao exército israelita, Borrell distancia-se da posição expressa na sexta-feira pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que evitaram mencionar Israel como autor dos ataques e apelaram a uma investigação para esclarecer os factos.

Hoje, o chefe da diplomacia europeia não só apelou a uma “investigação internacional imparcial” sobre o que classificou como “trágico acontecimento”, como foi mais longe ao declarar, em comunicado, que “a responsabilidade por este incidente é das restrições impostas pelo exército israelita” à entrada e distribuição de ajuda humanitária em Gaza.

Segundo Borrell, muitos dos civis que morreram ao tentarem obter os alimentos que um comboio humanitário transportava foram “vítimas do fogo israelita durante a debandada que se seguiu” a este acontecimento, que teve lugar na quinta-feira no norte da Faixa de Gaza.

É da responsabilidade de Israel “respeitar as regras do direito internacional e proteger a distribuição de ajuda humanitária às populações civis”.

No entanto, o dirigente da UE também considera que “as obstruções de extremistas violentos à entrega de ajuda humanitária” são corresponsáveis pela tragédia, sem mencionar explicitamente quem são.

“Este incidente muito grave revela que as restrições à entrada de ajuda humanitária contribuem para criar carências, fome e doenças, mas também um nível de desespero que gera violência” entre os habitantes da Faixa de Gaza, acrescentou.

Borrell previu “um caos total que tornará impossível a distribuição de ajuda humanitária” se os combates entre Israel e o Hamas não cessarem e se persistir o “desrespeito pelo direito humanitário internacional”.

Nesse sentido, apelou a Israel para que elimine as restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza e permita o acesso humanitário “livre, desimpedido e seguro” através de todos os pontos de fronteira com a Faixa de Gaza.

Josep Borrell considerou, por outro lado, que fazer chegar alimentos ou bens essenciais através de lançamentos aéreos “deve ser a solução de último recurso”, uma vez que “o seu impacto é mínimo e não isento de riscos para os civis”.

Esta posição de Borrell foi feita um dia depois de o Presidente dos EUA, Joe Biden, ter anunciado a distribuição de alimentos e medicamentos por via aérea para Gaza.

Borrell insistiu na necessidade de um cessar-fogo na Faixa de Gaza para permitir a distribuição em grande escala de ajuda humanitária e proteger os civis.

O Ministério da Saúde do Hamas anunciou hoje, num novo balanço, a morte de 30.320 pessoas na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano, em 07 de outubro de 2023.

Num comunicado, o Ministério da Saúde, controlado pelo Hamas, deu também conta de 92 mortos nas últimas 24 horas e de um total de 71.533 feridos no território palestiniano desde o início do conflito.

No ataque de 07 de outubro de 2023 do movimento islamita Hamas em território junto à Faixa de Gaza, foram mortas cerca de 1.200 pessoas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo números oficiais israelitas.

Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, leva a cabo uma operação militar na Faixa de Gaza.

 

EL (JSD) // SB

By Impala News / Lusa

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