ACNUR disponível para ajudar Governo moçambicano no apoio a deslocados

O alto comissário da ONU para os Refugiados disse hoje, em Maputo, que Moçambique precisa encontrar “as melhores soluções” para as pessoas obrigadas a fugir dos ataques armados em Cabo Delgado e das calamidades naturais, prometendo apoio.

ACNUR disponível para ajudar Governo moçambicano no apoio a deslocados

“O mais importante ainda é como ajudar o Governo a encontrar soluções para as pessoas deslocadas, quer ajudando elas a regressarem às suas casas ou a transferi-las para outros lugares ou [a manterem-se] onde estão”, disse o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, em declarações aos jornalistas, após ser recebido pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, em Maputo.

“Acordamos quanto aos passos subsequentes e à forma como as Nações Unidas podem melhor ajudar o Governo central e as autoridades locais a responderem a esta situação mediante a prestação de assistência humanitária, a curto prazo”, afirmou.

Grandi adiantou que está prevista a assistência jurídica aos deslocados e o apoio ao regresso às zonas de origem ou o reassentamento definitivo nas novas áreas.

Na mesma ocasião, Robert Piper, conselheiro especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) para Soluções às Pessoas Deslocadas Internamente, disse que Moçambique constitui “prioridade” na agenda daquela instituição das Nações Unidas, assinalando que o país enfrenta grandes necessidades em termos de apoio humanitário.

“Moçambique é um país prioritário para as Nações Unidas, este é um país onde nós vemos grandes necessidades, centenas de milhares de moçambicanos regressaram às suas casas, nos últimos meses, para retomar as suas vidas, a sua subsistência”, declarou Piper.

A organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) estimou hoje em mais de 80 mil o número de pessoas que fugiram este ano de ataques terroristas em Cabo Delgado, norte de Moçambique, pedindo assistência alimentar e apoio psicológico.

“Seis anos após o início do violento conflito no norte de Moçambique, as pessoas em Cabo Delgado ainda vivem com medo. Só em 2024, mais de 80 mil pessoas tiveram de fugir na sequência de ataques de grupos armados”, refere a MSF, em comunicado.

 “As famílias deslocadas necessitam urgentemente de alimentos, abrigo, bens de primeira necessidade e cuidados de saúde e de saúde mental”, refere a organização.

Após vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.

Dados oficiais do Governo indicam que a nova vaga de ataques das últimas semanas obrigou 67.321 pessoas a fugirem das suas terras de origem, incursões justificadas pelo executivo moçambicano como resultado da “movimentação de pequenos grupos de terroristas” que saíram das suas bases em direção ao sul de Cabo Delgado, após um período de relativa estabilidade.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês).

 

PMA // MLL

By Impala News / Lusa

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