Ventura diz que escolha de Hernâni Dias em Bragança mostra que não quer combater corrupção
O presidente do Chega voltou hoje a criticar a escolha de Hernâni Dias para cabeça de lista da coligação PSD/CDS por Bragança e acusou o primeiro-ministro de não querer “combater a corrupção, o conluio e os negócios obscuros”.

André Ventura discursava esta noite no arranque de um jantar-comício em Bragança, o único distrito onde o Chega não conseguiu eleger deputados nas últimas legislativas.
O líder do Chega considerou “vergonhosa” a escolha do antigo secretário de Estado Hernâni Dias para cabeça de lista da AD – Coligação PSD/CDS, afirmando que o primeiro-ministro “entendeu que era imprudente e errado [o ex-governante] estar no Governo, mas era bom e de valor colocá-lo como cabeça de lista”.
“Eu pergunto a Luís Montenegro se é isto que é combater a corrupção, se é isto que é combater o conluio e os negócios obscuros, é colocar Hernâni Dias como cabeça de lista em Bragança”, afirmou.
E questionou também “se alguém pode acreditar que Luís Montenegro vai fazer alguma limpeza na corrupção em Portugal quando tira alguém de secretário de Estado porque ele não serve, porque viola as regras, porque fez negócios que não devia ter feito, mas por trás do pano, para fazer favores políticos, coloca-o como cabeça de lista”.
“É um primeiro-ministro que não quer combater a corrupção, nem nunca quis”, acusou.
André Ventura considerou que “é tal mão do sistema que tira por um lado e que dá por outro, e que Luís Montenegro sempre foi hábil em fazer”.
Hernâni Dias demitiu-se do cargo de secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território no final de janeiro, depois de ter sido noticiado pela RTP que criou duas empresas imobiliárias já enquanto governante, e quando era responsável pelo decreto que altera o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, a chamada lei dos solos.
Na altura, Luís Montenegro considerou que o antigo secretário de Estado cometeu “uma imprudência”.
No seu discurso desta noite, o presidente do Chega abordou também os protestos de pessoas da comunidade cigana em ações do partido, que aconteceram em três dias consecutivos e comentou uma notícia que dá conta de que Ventura foi alvo de duas queixas-crime por vídeos de alegado “teor racista” nas redes sociais contra estas pessoas.
“Estou perfeitamente convicto daquilo que disse, daquilo que digo e estou perfeitamente convicto da mensagem que temos que passar. Em Portugal ninguém é menos que outro por ser cigano, mas também não pode estar acima da lei por ser cigano, nem ter direitos que outros não têm por ser cigano”, defendeu.
André Ventura assinalou que uma manifestação tem de cumprir certas regras, como a comunicação prévia, e questionou a ministra da Administração Interna porque é que “protestam, cospem, atacam, insultam e ninguém trava”.
“Eu queria perguntar à senhora ministra da Administração Interna se vivemos num Estado de Direito ou se vivemos num Estado de Direito para alguns e os ciganos podem fazer o que quiserem”, acrescentou.
Perante uma sala com quase 200 pessoas, o líder do Chega acusou ainda o primeiro-ministro e o PSD de ter traído os portugueses, ao não acompanhar a viabilização do fim das portagens nas ex-SCUT, e de ter fingido “que se interessavam pelo interior”.
“Acusam-nos de ter feito coligações negativas por causa das portagens. Senhor primeiro-ministro, a nossa única coligação é a coligação com o povo português, que está farto de pagar portagens que não servem a ninguém”, atirou.
No único distrito onde o partido não elegeu em 2024, André Ventura pediu um “grande resultado” e considerou que “desta vez vai ser simbólico”.
Já em declarações aos jornalistas, o líder do Chega foi questionado sobre cenários de governabilidade e disse que “se o PS tiver mais alguma percentagem de votos, e o Chega e o PSD, com liderança do Chega, estiverem à frente, só não governam se o PSD se acobardar”.
“O PS só governará se nós deixarmos. Da minha parte, não deixarei”, indicou.
“O próprio primeiro-ministro disse que se o Chega ultrapassar a AD e se ele não ganhar, que ele sairá. Isso significa que teremos condições de criar um governo estável. Enquanto tivermos Montenegro, por razões políticas e por razões dele próprio, não teremos estabilidade”, defendeu também.
FM // JPS
By Impala News / Lusa
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