UE reitera compromisso de prevenção 30 anos após genocídio Tutsi no Ruanda

As cerimónias do 30º aniversário do genocídio dos Tutsi no Ruanda começaram hoje, para marcar os 100 dias de 1994 em que cerca de 800 mil pessoas morreram, tendo a União Europeia reafirmado o compromisso de prevenção destes extermínios.

UE reitera compromisso de prevenção 30 anos após genocídio Tutsi no Ruanda

As cerimónias oficiais arrancam hoje, dia em que se assinalam as primeiras mortes naquele que se tornaria o último genocídio do século XX, no qual perderam a vida cerca de 800 mil pessoas, sobretudo da minoria étnica Tutsi, mas também Hutus moderados.

O presidente Paul Kagame, líder da Frente Patriótica Ruandesa (FPR), que pôs fim ao regime genocida hutu em julho de 1994 e se tornou depois o homem forte daquele país da região dos Grandes Lagos — acendeu uma tocha evocativa no Memorial de Gisozi, na capital Kigali.

Deve também discursar numa arena com capacidade para 10 mil pessoas, onde os ruandeses organizarão mais tarde uma vigília.

A União Europeia (UE) reafirmou hoje o seu “compromisso inquebrantável com a prevenção do genocídio e de qualquer crime contra a humanidade em todo o mundo”, assim como o “compromisso de garantir a total prestação de contas”, expressou o alto representante do bloco comunitário para os Assuntos Exteriores, Josep Borrell, em comunicado assinado em nome de todos os Estados-membros.

Os 27 instaram a comunidade internacional a “aprender as dolorosas lições do passado e fazer todo o possível para impedir a repetição de qualquer abominação deste tipo”, apelando para o combate à xenofobia e aos discursos de ódio por razões étnicas, raciais, religiosas ou de nacionalidade.

A UE elogiou o Ruanda por ter dado “uma lição ao resto do mundo” ao ter empreendido uma “viagem nacional rumo à unidade, à reconciliação, à justiça e à preservação da memória” deste genocídio que matou 800 mil pessoas em pouco mais de três meses.

“A transformação do Ruanda desde então em termos de governança, recuperação económica, coesão social e desenvolvimento é um feito notável. A UE continuará a apoiar o povo do Ruanda e o seu caminho de transformação”, acrescenta-se no comunicado em que os países membros da UE expressam a sua solidariedade para com as famílias e amigos das vítimas e homenageiam os sobreviventes do massacre, referindo que a “sua valentia e resiliência diárias face ao horror continuam a inspirar o mundo”.

Nas cerimónias no Ruanda vão marcar presença o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, à frente da Casa Branca na altura do genocídio, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros Stéphane Séjourné e a secretária de Estado do Mar do executivo francês, Hervé Berville.

Para assinalar o 30º aniversário do genocídio no Ruanda, o presidente francês Emmanuel Macron, que já reconheceu em 2021 as “responsabilidades” de França no genocídio de 1994, deu mais um passo, afirmando que Paris, “que poderia ter travado o genocídio com os seus aliados ocidentais e africanos, não teve vontade”, de acordo com comentários divulgados pelo Eliseu na quinta-feira.

No Ruanda, não será autorizada música em locais público, nem na rádio, e os eventos desportivos e filmes estão proibidos na televisão, exceto os que se relacionem com as cerimónias evocativas.

O massacre da primavera de 1994 foi desencadeado no dia seguinte ao atentado contra o avião do presidente Hutu Juvénal Habyarimana, no meio de um ambiente de ódio crescente alimentado por uma virulenta campanha anti-Tutsi.

Durante três meses, o exército, as milícias Interahamwe (braço armado do regime genocida Hutu), mas também cidadãos comuns, com espingardas e machetes, massacraram os Tutsi – chamados pelos genocidas de ‘Inyenzi’ (baratas, na língua kinyarwanda) — mas também opositores Hutu.

O massacre terminou quando a rebelião Tutsi da FPR tomou Kigali a 04 de julho de 1994, levando à fuga de centenas de milhares de Hutu para o vizinho Zaire, hoje República Democrática do Congo.

Trinta anos depois, continuam a ser encontradas valas comuns no Ruanda.

IMA // JMR

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS