Ucrânia e clima entram nas contas do OE 2024 de Cabo Verde

A guerra na Ucrânia e o clima são fatores de incerteza que pesam no Orçamento de Estado (OA) de 2024 de Cabo Verde, disse hoje o ministro das Finanças, ao contextualizar o documento entregue no domingo à Assembleia Nacional.

Ucrânia e clima entram nas contas do OE 2024 de Cabo Verde

A guerra que resultou da invasão russa em fevereiro de 2022 continua a condicionar países que podem parecer mais distantes, como o arquipélago lusófono.

“Ninguém sabe qual vai ser a profundidade das consequências desta guerra para o mundo, África e Cabo Verde, seja em termos financeiros, orçamentais, seja em termos geopolíticos”, referiu Olavo Correia.

Ao mesmo tempo, vive-se uma “crise climática profunda”.

Tudo junto agrava a insegurança alimentar globalmente e provoca tensões sociais, como tem acontecido na África Ocidental, ao largo da qual está Cabo Verde, com grande interdependência — há diáspora cabo-verdiana no continente, mas o arquipélago também é destino de população que procura melhores condições de vida.

“O ano de 2023 foi a todos os títulos difícil”, um contexto que “seguramente vai continuar em 2024”, referiu, argumentando com números: o Fundo Monetário Internacional (FMI) perspetiva “a mais baixa taxa de crescimento desde a década de 90, a nível mundial”, quedando-se pelos 3%, realçou.

A onda inflacionária global persiste e as taxas de juro estão em alta para a tentar atenuar — mas pelo caminho restringem o acesso aos mercados financeiros, acrescentou.

“Temos de responder a nível interno com estabilidade” a todos os níveis, dos rendimentos aos indicadores macroeconómicos, frisou.

“Estabilidade” foi a palavra repetida pelo ministro como um dos alicerces da política governamental, a par de reformas apostadas na transformação digital e ambientalmente sustentável, para atrair investimento, e de um terceiro alicerce que passa por “proteger os mais vulneráveis”.

A proposta do OE 2024 de Cabo Verde ascende a cerca de 86 mil milhões de escudos (782 milhões de euros), um número corrigido em alta em relação à versão divulgada no domingo.

O valor total representa um crescimento de 10% em relação ao OE deste ano.

No contexto macroeconómico, está previsto um crescimento da economia de 4,7%, abaixo dos 5,7% previstos para este ano.

Questionado pela Lusa, Olavo Correia referiu que a perspetiva é propositadamente conservadora, para que possa depois ser ultrapassada.

“Se nós prevermos um crescimento superior, vamos ter logo mais receitas e vamos ‘comer’ antes de termos produzido os resultados. Eu prefiro que tenhamos uma previsão mais moderada: se viermos a crescer mais, então vamos utilizar o resultado do trabalho produzido”, destacou.

“É muito arriscado estarmos a prever valores importantes” no domínio macroeconómico, que podem arrastar um empolamento da previsão de receitas e despesas, acrescentou Olavo Correia, optando pela mesma tática de anos anteriores.

“Nos últimos anos temos conseguido crescer acima da previsão”, concluiu.

Depois de entregue, a proposta de OE 2024 vai aguardar agendamento para discussão no hemiciclo da Assembleia Nacional, em que o Movimento para a Democracia (MpD) tem maioria (38 deputados), face a 30 do Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV) e quatro da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID).

LFO // MLL

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By Impala News / Lusa

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