Turquia compromete-se a ratificar a adesão da Suécia à NATO em outubro

O Governo da Turquia submeterá a votação no Parlamento a adesão da Suécia à NATO quando este órgão de soberania reabrir, a 01 de outubro, após as férias de verão, anunciou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros turco.

Turquia compromete-se a ratificar a adesão da Suécia à NATO em outubro

“Tomaremos a nossa decisão final assim que o parlamento reabrir em outubro”, disse Hakan Fidan, durante uma conferência de imprensa com o homólogo húngaro, Peter Szijjarto, em Budapeste, onde se encontra em visita oficial.

Fidan sublinhou que, no debate internacional destinado a analisar a adesão da Suécia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), a Turquia “agiu em coordenação com a Hungria”, o único Estado membro da Aliança Atlântica que ainda não deu ‘luz verde’ ao processo.

Hoje, o ministro turco recordou que Ancara já aprovou a adesão da Finlândia, mas insiste em que a NATO respeite os seus próprios critérios de luta contra o terrorismo quando se trata do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda da Turquia, ou das Unidades de Defesa do Povo (YPG), a milícia curda da Síria.

Toda a União Europeia (UE), incluindo a Suécia, considera o PKK – mas não as YPG – um grupo terrorista, mas Ancara queixa-se há anos de que as manifestações a favor da guerrilha são permitidas na Europa ao abrigo da liberdade de expressão.

Na última cimeira da NATO, O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pôs termo a 14 meses de bloqueio ao levantar o seu veto de adesão da Suécia à Aliança.

No entanto, o chefe de Estado turco advertiu Estocolmo contra novos atentados ao Corão, livro sagrado do islamismo.

“Esperamos que a Suécia não tolere mais ataques contra o Corão que ofendem mais de dois mil milhões de muçulmanos no mundo”, disse no final da cimeira de Vilnius, a 11 e 12 de julho.

Por várias nos últimos meses, páginas do Corão foram queimadas em manifestações públicas na Suécia, ações qualificadas como “terroristas” e “bárbaras” por Erdogan.

Hoje, o ministro Fidan sublinhou que as reformas jurídicas da Suécia facilitaram as negociações, mas que, por serem “tão recentes”, ainda não conduziram às medidas práticas necessárias.

O ministro queixou-se também dos atos de queima e de profanação na Europa do livro sagrado do Islão, o Corão, encenados por grupos de extrema-direita, que descreveu como “inaceitáveis”.

Fidan comparou os atos de queima de livros aos protagonizados em 1933 pelos nacional-socialistas nazis alemães.

“Na Europa, tudo começa com a queima de livros, depois vêm os campos de concentração e depois sabemos o que acontece”, argumentou Fidan.

Por sua vez, Szijjarto, que sublinhou a importância da Turquia para a segurança da Europa, “tanto a nível físico como energético”, concordou “plenamente” com o seu convidado neste ponto.

“Somos um país cristão, um país que tem um governo cristão há mil anos, e não aceitaremos de forma alguma a humilhação de um livro sagrado, seja ele de que religião for”, afirmou o ministro húngaro.

 

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By Impala News / Lusa

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