Taiwan critica alteração pela China das rotas aéreas perto do Estreito da Formosa

Taiwan criticou a alteração “unilateral” pela China de várias rotas aéreas paralelas à linha mediana do Estreito da Formosa, uma fronteira não oficial que tem sido tacitamente respeitada por Taipé e Pequim nas últimas décadas

Taiwan critica alteração pela China das rotas aéreas perto do Estreito da Formosa

Em comunicado, a Administração da Aviação Civil (CAA, na sigla em inglês) de Taiwan declarou que “lamenta profundamente e protesta com veemência” a medida do regulador homólogo da Republica Popular da China, que comunicou hoje o “cancelamento do desvio” da rota norte-sul M503 e a ativação das rotas de ligação oeste-leste W122 e W123.

Após o ajustamento, os aviões da linha M503 ficarão mais próximos da linha mediana do Estreito durante a sua rota, a uma distância inferior a 10 quilómetros nos pontos mais próximos, segundo peritos taiwaneses.

As rotas W122 e W123 vão partir das cidades de Fuzhou e Xiamen, próximas das ilhas Kinmen e Matsu, controladas por Taipé, apesar de se situarem a poucos quilómetros da costa sudeste da China.

A CAA salientou que esta decisão “contradiz flagrantemente um consenso alcançado entre os dois lados do estreito em 2015”, quando a China concordou em deslocar a rota M503 seis milhas a oeste da sua rota original após uma série de negociações com Taiwan, de acordo com a agência noticiosa da ilha CNA.

O Conselho de Assuntos Continentais de Taiwan (MAC, na sigla em inglês) emitiu uma declaração a exigir que Pequim “pare imediatamente com essas operações de voo irresponsáveis”.

As novas rotas de voo “não só não respeitam a segurança da aviação, como também desrespeitam Taiwan”, afirmou o MAC. “Parecem ser uma tentativa deliberada de utilizar a aviação civil como cobertura para objetivos políticos e possivelmente militares destinados a alterar o status quo no Estreito”, acrescentou.

Pequim e Taipé respeitaram durante décadas a linha média do Estreito como uma demarcação entre os dois, mas, após a visita à ilha em 2022 da então Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, as forças chinesas começaram a ultrapassá-la e continuaram a fazê-lo regularmente durante os exercícios militares em torno da ilha desde então.

O ajustamento ocorre após a realização das eleições presidenciais na ilha, a 13 de janeiro, que o atual vice-presidente William Lai Ching-te, considerado um “agitador” por Pequim, venceu com 40% dos votos.

A China reivindica a soberania da ilha e considera Taiwan uma província rebelde desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para lá em 1949, depois de terem perdido a guerra civil contra os comunistas.

 

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By Impala News / Lusa

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