Sustentabilidade da comunicação social está a passar momento muito delicado

O presidente do PSD disse hoje acompanhar com “muita preocupação” a situação na Global Media e reconheceu que a sustentabilidade dos órgãos de comunicação social está a passar por um momento muito delicado.

Sustentabilidade da comunicação social está a passar momento muito delicado

“Temos acompanhado com muita preocupação aquilo que se passa nesse grupo de comunicação social em particular. Estamos a falar de muitos profissionais, estamos a falar de uma salvaguarda essencial ao Estado de Direito, que é a liberdade de informar, que é assegurar as condições de trabalho daqueles que veiculam a informação para os cidadãos”, declarou aos jornalistas Luís Montenegro, na Calheta, ilha de São Jorge, nos Açores.

Após visitar uma creche, iniciativa integrada no programa “Sentir Portugal”, que termina no sábado, no arquipélago, Luís Montenegro disse esperar que “muito rapidamente se encontre a tranquilidade necessária para que a normalidade possa ser restabelecida” e os títulos daquele grupo “possam ter as suas equipas jornalísticas na plenitude da sua função a cumprir aquilo que a democracia, aquilo que a democracia precisa, que é uma imprensa livre, uma imprensa independente e uma imprensa viável financeiramente”.

Por outro lado, o presidente do PSD admitiu que “a sustentabilidade dos órgãos de comunicação social está, também ela, a passar por um momento muito, muito delicado”.

“Já não é de agora, vem de há alguns anos a esta parte, mas, naturalmente, que agora, neste caso concreto, está a ganhar uma dimensão que é muito, muito preocupante”, referiu.

Montenegro disse esperar que, “por parte dos administradores, dos acionistas desse grupo e também por parte dos poderes públicos, as intervenções possam ocorrer para ultrapassar esta fase, que é uma fase particularmente agressiva”.

Questionado sobre até onde nesta matéria pode ir o poder público e caso seja primeiro-ministro o que estaria disponível para fazer, Luís Montenegro respondeu que “há um conjunto muito significativo de ações que os poderes públicos podem prestar do ponto de vista legislativo, do ponto de vista das condições de sustentabilidade financeira, da forma como o mercado da comunicação social pode e deve ser regulado e é isso que compete a um governo fazer”.

“Mas a exploração do negócio propriamente dita compete, naturalmente, a quem detém a propriedade desses órgãos”, acrescentou.

A administração do grupo Global Media, que detém que detém o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, TSF, Dinheiro Vivo, O Jogo e o Açoriano Oriental, entre outros títulos, anunciou recentemente a intenção de despedir até 200 trabalhadores e um programa de rescisões voluntárias que termina na quarta-feira, no mesmo dia em que foi marcada uma greve de trabalhadores.

Os trabalhadores do grupo não receberam o salário de dezembro e, segundo a administração do grupo, vão receber o subsídio de Natal em duodécimos durante este ano, o que não é legal.

No final de julho, o fundo de investimento World Opportunity Fund, com sede nas Bahamas, um chamado “paraíso fiscal”, passou a deter 51% do capital social da Páginas Civilizadas, a qual controla, diretamente e indiretamente, 50,25% da Global Media e 22,35% da agência de notícias Lusa.

Em 28 de dezembro, a Global Media informou os trabalhadores de que não tinha condições para pagar os salários referentes a dezembro, sublinhando que a situação financeira é “extremamente grave”.

A Comissão Executiva não se comprometeu com qualquer data para pagar os salários de dezembro, mas sublinhou que estava a fazer “todos os esforços” para que o atraso seja o menor possível.

SR (MPE) // PC

By Impala News / Lusa

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