Secretário-geral do PCP diz que “não é normal” número de casos no Governo

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considerou que “não é normal” o número de casos que geraram polémica e saídas no Governo, manifestando-se, no entanto, mais preocupado com as opções políticas que têm sido tomadas.

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“Se eu dissesse que há casos a menos estava a ser irónico, não é normal, neste tempo todo haver este número de casos”, disse. Paulo Raimundo, que falava aos jornalistas em Elvas (Portalegre), no final de uma sessão pública promovida pelo PCP sobre “A produção de cereais em Portugal e a soberania alimentar”, reagia à notícia hoje publicada no Correio da Manhã sobre o arresto de contas conjuntas que a nova secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, tem com o marido e ex-autarca de Vinhais, Américo Pereira.

“Para nós há uma questão de fundo que é muito clara, e o que nos interessa não são os protagonistas, o que interessa é a política e o problema com que estamos confrontados não é o protagonista A,B ou C, mais caso menos caso, o problema é as opções políticas de fundo e a não resposta do Governo ao problema das pessoas”, alertou.

O Correio da Manhã noticiou hoje o arresto de contas conjuntas que a nova secretária de Estado da Agricultura com o marido, informação divulgada menos de 24 horas depois da tomada de posse da governante. O Ministério Público acusou de vários crimes e mandou arrestar bens do advogado e antigo autarca socialista, que saiu da liderança do município em 2017, num processo de mais de 4,7 milhões de euros que tem mais três arguidos.

“Resultados estão à vista”

Em causa estão vários negócios celebrados entre 2006 e 2015, que envolvem também uma sociedade, um empresário e o reitor do antigo seminário deste concelho do distrito de Bragança. De acordo com a investigação, foram detetadas nas contas do casal ao longo de vários anos divergências entre os valores depositados e declarados. Na sessão pública sobre “A produção de cereais em Portugal e a soberania alimentar”, em Elvas, Paulo Raimundo criticou a Política Agrícola Comum (PAC) e os últimos governos sobre o caminho que foi traçado para o setor agrícola.

“A verdade é que, ao longo das últimas décadas, a mando de Bruxelas e de certos interesses no país, sucessivos governos do PS, do PSD e CDS implementaram uma política agrícola nacional, decalcada da PAC, assentes em valores de competitividade, produtividade, escala, concentração, produção para o mercado externo e atravessada pela ideia peregrina de que o que fosse produzir mais barato lá fora devia ser abandonado cá dentro”, disse. “Os resultados estão à vista. A destruição de mais de 400 mil explorações agrícolas, e ao desaproveitamento de milhares de hectares de terras, que são hoje pastagens permanentes, onde antes havia culturas diversas”, acrescentou.

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