Rússia amplificou desinformação para passar ideia de caos nas cheias em Espanha

A Rússia aproveitou as cheias em Valência de outubro passado para “amplificar” a desinformação associada às inundações e tentar dar uma imagem de Espanha de país “afundado no caos”, segundo um relatório do Departamento de Segurança Nacional espanhol.

Rússia amplificou desinformação para passar ideia de caos nas cheias em Espanha

A propósito da crise desencadeada pelas cheias de 29 de outubro de 2024 no leste de Espanha, em que morreram mais de 230 pessoas, “o ecossistema de propaganda e desinformação pró-Kremlin, de forma oportunista, amplificou e adaptou narrativas de desinformação preexistentes em seu benefício”, lê-se no relatório relativo a 2024 do Departamento de Segurança Nacional de Espanha, entregue esta semana ao parlamento espanhol e a que a Lusa teve hoje acesso.

Segundo o documento, “os atores pró-russos focaram-se em promover a desconfiança dos cidadãos nas instituições públicas” espanholas, “deslegitimar o apoio à Ucrânia sob pretexto da necessidade real de ajuda às zonas afetadas” pelas cheias “e em projetar uma imagem de país afundado no caos”.

“A difusão de campanhas de desinformação tem-se acentuado muito desde a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”, iniciada em fevereiro de 2022, lê-se no documento, que acrescenta que “eventos como pandemias, processos eleitorais ou catástrofes naturais têm sido e continuarão a ser aproveitados e instrumentalizados pelo Kremlin para desenvolver campanhas de desinformação cuja finalidade última é corroer a legitimidade democrática e minar a confiança da sociedade nas instituições públicas”.

O Departamento de Segurança Nacional de Espanha sublinha que “a desinformação russa teve mudanças relevantes” nos últimos três anos.

Segundo o mesmo documento, até à invasão da Ucrânia, “o planeamento, direção e difusão” da desinformação era feita, maioritariamente, através de agências e meios de comunicação estatais, mas o Kremlin mudou este modelo, passando a dar prioridade às redes sociais, “para esquivar o efeito das sanções europeias” e para “tentar ter maior penetração e difusão das suas narrativas”.

As campanhas passaram, assim, para “canais não convencionais, com um ‘modus operandi’ mais sofisticado”, que dificulta seguir-lhes o rasto para chegar à origem, sendo usados “atores e organizações” sem ligações entre si “que operam em múltiplas infraestruturas, criadas especificamente e que funcionam de forma independente”.

O Departamento de Segurança Nacional de Espanha destaca a relevância assumida pela Inteligência Artificial nas novas campanhas de desinformação da Rússia, que lhe permite uma difusão “massiva e quase instantânea” de conteúdos.

“Estes avanços colocam desafios críticos” que “exigem a definição e adoção de novas estratégias e tecnologias avançadas para a deteção, análise e resposta a estas ameaças”, lê-se no relatório do Departamento de Segurança Nacional de Espanha.

MP/JH

By Impala News / Lusa

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