RIR confia na eleição de deputados e diz que maioria socialista foi infrutífera

A presidente do Reagir Incluir Reciclar (RIR), Márcia Henriques, confia na eleição de deputados à Assembleia da República e afirma que a maioria absoluta do PS “acabou por se revelar infrutífera”.

RIR confia na eleição de deputados e diz que maioria socialista foi infrutífera

Márcia Henriques foi eleita em maio de 2022 líder do partido, num congresso extraordinário convocado após a demissão da anterior direção, liderada por Vitorino Silva, popularmente conhecido por Tino de Rans.

“Eu acho que ninguém estava à espera de uma maioria absoluta [em 2022], que acabou por se revelar infrutífera. E todos os partidos acabaram por descer a votação, a reboque do voto útil. Portanto, agora nestas [eleições] o nosso objetivo é chegarmos [ao parlamento] e ultrapassarmos os resultados que tivemos em 2019”, disse a dirigente em entrevista à agência Lusa, no âmbito das legislativas antecipadas de 10 de março.

Em 2019, na altura estreante, o RIR obteve 35.359 votos (0,67%) e nas eleições legislativas de há dois anos 23.232 votos (0,42%), segundo os dados disponibilizados pela secretaria-geral do Ministério da Administração Interna.

“Consideramos que era muito importante levar para dentro do parlamento novas ideias, novos partidos, porque faz falta, na Assembleia da República, deputados que conheçam a realidade do país. O que me dá conta é que os deputados vivem numa bolha, porque têm vencimentos acima da média, porque têm mais facilidade no contacto com os serviços públicos e não se apercebem da realidade”, prosseguiu.

Para Márcia Henriques, o RIR pode “dar a parte realística da sociedade” no parlamento, projetando uma ideia de como quer Portugal daqui a 50 anos.

“O que assistimos é a pensos rápidos. Há um problema não sei onde, faz-se uma medida para ali e não se pensa em Portugal como um todo. Está tudo interligado. O problema da saúde está interligado com a educação, a educação está interligada com a habitação. Não conseguimos solucionar um problema especificamente. Temos de pensar no global”, salientou.

Insistindo num cenário de futuro para Portugal, a presidente do RIR lembrou, por exemplo, que “há uma série de problemas transversais” no setor da habitação, atentando que se deve “analisar o porquê de ser rentável o negócio dos quartos”.

“Nós temos muitos alunos universitários deslocados. E, claro, quem tem uma casa para arrendar compensa-lhe [mais] arrendar quartos do que a casa a uma família. Se se cobrar 400/500 euros, como em Lisboa, se cobra por um quarto num T2/T3, é um negócio para vida. E isto combate-se como? Com residências universitárias que não saem do papel”, indicou.

De acordo com a líder do partido, o mercado “começa a funcionar” com a construção de residências universitárias e a reabilitação de edifícios em estado devoluto, mostrando-se contra a tabulação das rendas.

“Se eu tenho um imóvel que quero arrendar por 1.000 euros, porque é que não posso? É meu. Se não arrendar, não arrendei. As proibições e o impor limites é uma coisa que não vai ao encontro da nossa filosofia”, referiu.

Sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS), Márcia Henriques considerou que o maior problema são os tempos de espera nas urgências, dizendo que deve haver “uma rede primária em condições”.

Em relação à educação, a líder do RIR reconheceu que há “professores de primeira e professores de segunda”.

“Nas ilhas, os professores viram ser reconhecido o tempo de serviço. Os professores do continente não. Esta desigualdade não pode acontecer. Portanto, o tempo de serviço tem de ser reconhecido”, avisou.

A responsável lamentou também a “desigualdade que foi criada” nas forças de segurança, afirmando que Portugal está se “a tornar no país do ordenado mínimo”.

“Esta desigualdade não pode acontecer, até porque os agentes da PSP e os guardas da GNR, muitas das vezes, em 90% dos casos, são os primeiros a chegar aos sítios, e, portanto, o risco, em primeiro lugar, é deles e não da Polícia Judiciária. Portanto, por aí, essa desigualdade que foi criada pelo Governo poderia muito bem não existir”, sustentou.

A líder do partido reconheceu ainda que o partido “não era levado a sério” quando era dirigido por Vitorino Silva.

“Não era muitas vezes levado a sério por ser o Tino [de Rans] o presidente. O Tino é uma pessoa especial, uma pessoa inteligentíssima, mas que tem as suas parábolas sempre presentes e era incompreendido. Daí também a estratégia de mudarmos, eu era vice-presidente dele, e ficar eu como presidente”, sublinhou.

As eleições de 10 de março são apenas a terceira vez que o partido criado em 2019 entra na corrida ao parlamento.

O RIR foi inscrito oficialmente no Tribunal Constitucional em 30 de maio de 2019.

*** João Moura Lacerda (texto), Jorge Coutinho (vídeo) e José Sena Goulão (foto) ***

JML // PC

By Impala News / Lusa

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