Produtores de banana criticam novo centro de processamento na Madeira

A Associação de Organizações de Produtores de Banana da Madeira (ABAMA) criticou hoje o novo centro de processamento do Funchal, indicando que, em média, 20% do produto é rejeitado, correspondendo a uma perda significativa de rendimento para os agricultores.

Produtores de banana criticam novo centro de processamento na Madeira

“De toda a banana que se entrega aqui, de qualquer produtor, 20% vai ao ar”, disse o presidente da ABAMA, Antonino de Abreu, em conferência de imprensa junto às instalações do novo centro de processamento, na freguesia de São Martinho, zona oeste do Funchal.

Cerca de meia centena de produtores de banana estiveram também no local e manifestaram a sua insatisfação face às novas instalações, que entraram em funcionamento em 2023, representando um investimento da GESBA (empresa pública que gere o setor) de 14,1 milhões de euros, comparticipado em 75% por fundos comunitários.

“Todos os que estão aqui estão insatisfeitos e os que estão em casa também estão insatisfeitos, mas muitos deles não querem dar a cara”, afirmou o presidente da ABAMA, associação que representa cerca de 500 produtores de banana, num total de 2.900 registados na GESBA.

De acordo com Antonino de Abreu, desde que o novo centro de processamento entrou em funcionamento, 20% da banana é rejeitada no processo de classificação, isto face às antigas instalações, agora desativadas.

Por outro lado, os produtores criticam o facto de não lhes ser permitido acompanhar qualquer etapa do processamento da banana após a entrega, ao contrário do que acontecia no antigo centro, em que podiam observar o todo processo.

“Fizeram tapagens para não se ter visibilidade nenhuma, nem de peso, nem de classificação”, criticou, para logo reforçar: “Isto é um escândalo. Não estamos contentes com isto”.

O presidente da ABAMA disse ser incompreensível que 20% da banana seja agora rejeitada, uma vez que os produtores e o modo de produção continuam a ser os mesmos.

Contactada pela agência Lusa, a Secretaria Regional de Agricultura e Ambiente, que tutela a GESBA, remeteu esclarecimentos sobre estas queixas para as três audições parlamentares sobre o setor da banana, aprovadas recentemente na Assembleia Legislativa, mas que ainda não foram agendadas.

Dois requerimentos foram apresentados pelo PSD, partido que suporta o Governo Regional em coligação com o CDS-PP, para ouvir a administração da GESBA e duas associações de agricultores.

Por outro lado, o JPP requereu uma audição parlamentar à ABAMA.

Em 2023, a GESBA validou cerca de 25.000 toneladas de bananas em quatro centros de processamento — Santa Rita (agora desativado), São Martinho, Madalena do Mar e Ponta do Sol — provenientes de 2.900 produtores, na maioria oriundos dos concelhos do Funchal, Câmara de Lobos e Ponta do Sol.

A banana da Madeira é classificada como banana extra, banana de primeira e banana de segunda.

DC // MCL

By Impala News / Lusa

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