Politólogo russo indiciado por “apelos públicos ao terrorismo”

O politólogo e sociólogo russo Boris Kagarlitsky foi indiciado por “apelos públicos ao terrorismo”, anunciou hoje o seu advogado num novo episódio de repressão à dissidência no país.

Politólogo russo indiciado por

Professor na Alta Escola de Ciências Económicas e Sociais de Moscovo (HSE), Kagarlitsky foi detido e colocado em prisão preventiva por um tribunal pelo menos até 24 de setembro.

Foi indicado “por apelos públicos a atividades terroristas, com recurso à Internet”, declarou o advogado Serguei Ierokhov, citado pela agência noticiosa oficial TASS.

Na manhã de hoje, o perfil de Boris Kagarlitsky, que arrisca sete anos de prisão, já não figurava na página digital oficial do estabelecimento onde ensinava.

Segundo Ierokhov, o politólogo rejeita todas as acusações que lhe foram dirigidas.

Autor de numerosas publicações e estudos sobre o movimento político de esquerda na Rússia e no mundo, Kagarlitsky “nunca apoiou, nem justificou” o terrorismo, assinalou o seu advogado.

“O objetivo de todos os seus discursos consiste numa tentativa de expor os problemas reais com que se confronta o Estado russo”, insistiu.

Segundo o advogado, o inquérito contra Kagarlitsky foi iniciado pela delegação local dos serviços de segurança russos (FSB) na República de Komis (Grande Norte russo), sendo o politólogo transferido por esse motivo e após a sua detenção para Syktyvkar, a capital regional.

Em maio de 2022, em plena ofensiva militar russa na Ucrânia desencadeada em fevereiro desse ano, Kagarlitsky foi declarado na Rússia “agente do estrangeiro”.

Esta designação tem originado acrescidos problemas às atividades das organizações e pessoas que são qualificadas desta forma pela justiça.

Kagarlitsky “foi preso político em 1982 e 1983”, segundo a sua biografia no ‘site’ da HSE, e entretanto retirada.

Desde o início da ofensiva das tropas russas na Ucrânia e a adoção de leis que proíbem a maioria das vozes críticas, diversos ‘media’ independentes russos foram obrigados a suspender as suas atividades ou deixar o país, para além dos numerosos opositores que optaram pelo exílio ou foram detidos.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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By Impala News / Lusa

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