Político moçambicano Venâncio Mondlane vai concorrer à presidência da Renamo

O político moçambicano Venâncio Mondlane anunciou hoje que vai concorrer para a presidência da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição em Moçambique, no próximo congresso daquela força política.

Político moçambicano Venâncio Mondlane vai concorrer à presidência da Renamo

“Venho anunciar, abertamente, sem medo, que estou disponível e vou avançar como candidato à presidência da Renamo no próximo congresso”, declarou Venâncio Mondlane, falando a um grupo de simpatizantes do principal partido de oposição em Moçambique, em Nacala-Porto, província de Nampula, no norte do país.

O anúncio de Venâncio Mondlane ocorre no meio de uma crise interna que se instalou naquele partido após o porta-voz daquela força política, José Manteigas, declarar, na semana passada, que o atual presidente do partido, Ossufo Momade, é a escolha da Renamo e o único com perfil para concorrer às presidenciais deste ano, ignorando os estatutos, que preveem que o candidato deve ser eleito em congresso.

Durante o encontro com os simpatizantes da Renamo em Nacala-Porto, que contou com a presença do presidente daquela autarquia, Raul Novinte, da Renamo, Venâncio Mondlane apresentou a capa do seu manifesto.

“Quero dizer também que já estou adiantado e já tenho o manifesto completo. Não vou adiantar o conteúdo, senão vão dizer que estou a ser injusto. Mas é este manifesto e, na última página, mostra o momento em que eu fui batizado na serra da Gorongosa pelo general de quatro estrelas, Afonso Dhlakama [líder histórico do partido, que morreu em 2018]”, declarou Venâncio Mondlane, acrescentando que está pronto para ser o “herdeiro dos ideais” de Dhlakama.

Venâncio Mondlane, engenheiro florestal e deputado no parlamento pela Renamo, tem 50 anos e é classificado pelos seus simpatizantes como VM7 – o CR7 da política moçambicana, numa alusão ao futebolista português Cristiano Ronaldo.

Venâncio Mondlane saiu em 2018 do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro partido parlamentar, para a Renamo, numa de várias movimentações de candidatos inéditas em eleições autárquicas em Moçambique naquele ano.

Nas últimas eleições autárquicas de 11 de outubro, o político concorreu para o município de Maputo, tendo, segundo os órgãos eleitorais, sido derrotado por Razaque Manhique, da Frelimo, partido no poder, embora Venâncio Mondlane rejeite os resultados.

Desde o anúncio de resultados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) do escrutínio de 2023, Venâncio Mondlane conduziu cerca de 50 marchas contestando os resultados eleitorais, com registo de pelo menos dois episódios que culminaram com escaramuças entre os simpatizantes do partido e as forças policiais, tendo algumas pessoas chegado a ser detidas.

As sextas eleições autárquicas do ano passado, em que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) foi declarada como vencedora em 60 autarquias de um total 65, foram fortemente contestadas pela oposição, que não reconheceu os resultados oficiais, e pela sociedade civil, alegando uma “megafraude”.

A liderança da Renamo tem sido criticada externa e internamente, com o antigo líder do braço armado do partido Timosse Maquinze a acusar Ossufo Momade de inércia face a alegadas irregularidades nas eleições autárquicas moçambicanas de outubro, alegadamente a favor do partido no poder, e de negligência face à situação dos guerrilheiros do partido recentemente desmobilizados.

Moçambique prepara-se, neste ano, para as eleições gerais, incluindo as sétimas presidenciais e às quais o atual Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, já não pode constitucionalmente concorrer.

O escrutínio está marcado para 09 de outubro, com um custo de cerca de 6.500 milhões de meticais (96,3 milhões de euros), conforme dotação inscrita pelo Governo na proposta do Orçamento do Estado para 2024.

EAC // VM

By Impala News / Lusa

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