Política faz-se para uma minoria e nós queremos acabar com isso
A coordenadora do BE rejeitou hoje que a política seja feita para a “minoria” que mais lucra no país, e insistiu na proposta de um subsídio de alimentação que abranja trabalhadores do setor público e privado.

“Quero falar a quem trabalha. Quem trabalha é a maioria do país. E, estranhamente, a política faz-se para uma minoria. E nós queremos acabar com isso. Nós queremos que a política se faça para a maioria”, advogou Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas em Almeirim, distrito de Santarém.
Ao quarto dia de campanha eleitoral para as legislativas antecipadas de 18 de maio, a caravana bloquista foi até Almeirim para mostrar solidariedade com uma concentração de dezenas de trabalhadores da Sumol/Compal que hoje estão em greve.
A ação decorreu, curiosamente, junto a um cartaz do PS, com uma fotografia do secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, que na noite anterior, num comício no mesmo distrito, também rejeitou um governo para “uma minoria”.
Mortágua salientou que “a família que é dona” da empresa que detém a Sumol e Compal “está na lista dos 50 mais ricos do país”, em contraste com estes trabalhadores que “representam a maioria das pessoas do país”.
“Trabalham muito, acordam cedo, deitam-se tarde, trabalham por turnos, trabalham à noite e levam para casa, no final de tanto esforço, mil euros. Porque os salários não foram aumentados ao longo do tempo, porque o subsídio de alimentação não acompanhou o aumento dos alimentos, porque não conseguem ter uma recompensa pelo trabalho por turnos que fazem e sentem que o seu esforço dá cada vez menos salário”, criticou.
A deputada e economista argumentou que “todos os partidos” falam sobre a aproximação cada vez maior entre salário mínimo nacional e o salário médio, “mas ninguém sabe como é que aumenta o salário médio”, deixando apenas “o desejo no ar”.
Mortágua defendeu que o salário médio pode ser aumentado através de instrumentos como a negociação coletiva, que dá mais força às reivindicações dos trabalhadores, mas não só, insistindo numa proposta que o BE leva a estas eleições no seu programa eleitoral.
“Nós achamos que o subsídio de refeição deve ser obrigatório no setor privado. Às vezes, tomamo-lo como garantido, ele não é. Há muitos trabalhadores do setor privado que não têm subsídio de refeição. Ele deve ser obrigatório no privado, como é no público, e deve ter um valor mínimo de 10 euros”, defendeu.
A líder do BE afirmou que existem “várias formas” de aumentar salários, mas apenas uma certeza: “eles têm mesmo de ser aumentados”. Caso contrário, a extrema-direita poderá capitalizar com a frustração dos trabalhadores, avisou.
Falando aos grevistas, Mortágua lembrou que o BE tem vindo a propor o alargamento de direitos para quem trabalha por turnos.
Contudo, alertou, quando as propostas chegam à Assembleia da República são necessários deputados do BE que as aprovem.
“Quanto mais força a vossa luta tiver, mais força aquela proposta tem no parlamento. O parlamento não existe fora da vida das empresas e das pessoas. (…) A vossa força, tenho a certezinha, é também a nossa força”, rematou.
Nesta ação participou também o cabeça-de-lista do BE para o distrito de Santarém, Bruno Góis, círculo no qual o partido pretende reconquistar a representação parlamentar perdida em 2022.
ARL // ACL
By Impala News / Lusa
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