PCP/Madeira defende eleições antecipadas como “ato clarificador” para a crise política

O PCP/Madeira reiterou hoje que a realização de eleições antecipadas constitui um “ato clarificador” para retirar a região do “quadro pantanoso” criado pela operação que investiga suspeitas de corrupção e recusou, para já, negociar acordos com outros partidos.

PCP/Madeira defende eleições antecipadas como

“Nós defendemos que tem que haver eleições. Não há negociações, há eleições”, disse o coordenador regional do PCP, Edgar Silva, sublinhando que não foi contactado pelo PS, o maior partido da oposição madeirense, que já indicou estar em diálogo com outras forças políticas.

“Quando nós pedimos eleições, não estamos a falar em negociações. Temos é de devolver a palavra ao povo. A soberania, em democracia, emerge do povo e depois logo se verá”, reforçou.

O líder comunista falava aos jornalistas após uma reunião com o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, no Palácio de São Lourenço, no Funchal.

Na quarta-feira, o representante da República começou a ouvir os partidos com assento na Assembleia Legislativa, na sequência da exoneração do presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP) e consequente demissão do executivo, após Miguel Albuquerque ter sido constituído arguido no âmbito de uma investigação a suspeitas de corrupção na Madeira.

Questionado se o PCP está disponível para estabelecer um acordo com o PS, Edgar Silva respondeu: “Ah, que horror. Temos que defender é eleições, para que o povo decida.”

“Em política gere-se factos, respondemos perante factos. Portanto, há eleições e das eleições resultam factos, contextos, maiorias”, reforçou.

O dirigente comunista sublinhou que o partido, que elegeu um deputado nas eleições regionais de 24 de setembro de 2023, não tem medo do “voto do povo” e defende uma “saída clarificadora” para a crise política que assola a região autónoma.

“Ligado a este problema da instabilidade, decorre depois um sentimento generalizado de que não há legitimidade política, em primeiro lugar pelo inferno em que se tornou a vida de tanta gente”, alertou, insistindo que “o inferno em que se transformou a vida de tanta gente retira legitimidade aos atuais responsáveis políticos, àqueles que sustentam a maioria política [PSD/CDS-PP/PAN]”.

Edgar Silva considerou que os partidos que suportam o Governo Regional (PSD e CDS-PP em coligação, com apoio parlamentar da deputada única do PAN) alimentam a instabilidade e a incerteza e são incapazes de “apontar um rumo para uma vida melhor”.

“Esta é uma situação lamentável, é uma vergonha, este pântano a que conduziram a região”, disse, sublinhando que o “povo merecia outra dignidade” e “outros protagonistas” no desenvolvimento do processo democrático na Madeira.

O coordenador do PCP realçou que os madeirenses sentem vergonha pelas suspeitas de corrupção que estão a ser investigadas.

“Nós não somos todos corruptos, nós os madeirenses, nós que vivemos na Madeira, nós que defendemos a autonomia, nós que aqui lutamos pela democracia, não somos todos corruptos, mas criou-se esta ideia”, disse.

Para além do PCP, o representante da República recebe hoje o CDS-PP, o Chega e o JPP.

Na sexta-feira serão recebidos os representantes de PS e PSD.

As audiências foram marcadas depois de, na segunda-feira, o representante da República, Ireneu Barreto, ter aceitado formalmente o pedido de exoneração do presidente do XIV Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, constituído arguido no âmbito de uma investigação relacionada com suspeitas de corrupção na região.

Depois desta ronda de audiências, o representante tomará a decisão sobre a situação governativa da Madeira, uma vez que o Presidente da República só pode intervir no processo a partir de 24 de março, quando a Assembleia Legislativa cumpre os seis meses de posse legalmente exigidos.

Em 24 de janeiro, a Polícia Judiciária (PJ) realizou cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

Dois dias mais tarde, Miguel Albuquerque, entretanto constituído arguido, renunciou ao cargo.

Na sequência das buscas, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que também já renunciou ao cargo, o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.

DC (VAM) // VAM

By Impala News / Lusa

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