Nuno Melo garante que novo referendo ao aborto não consta do acordo de coligação com PSD

O presidente do CDS-PP salientou hoje que um novo referendo ao aborto em Portugal não consta do acordo de coligação da Aliança Democrática, que junta centristas e PSD, rejeitando que seja “tema para a próxima legislatura”.

Nuno Melo garante que novo referendo ao aborto não consta do acordo de coligação com PSD

Nuno Melo falava aos jornalistas na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), momentos depois de o presidente do PSD ter sido atingido com tinta verde por um ativista climático, e em reação às declarações do vice-presidente do CDS-PP, Paulo Núncio, que defendeu a realização de um novo referendo à interrupção voluntária da gravidez (IVG).

O líder do CDS-PP começou por afirmar que Paulo Núncio “não disse nada disso” e deixou “três notas” sobre o tema.

“O que o Paulo Núncio disse foi uma afirmação de grande respeito democrático. Disse que um resultado de um referendo só pode ser alterado por outro referendo. Ponto dois: este tema não é um tema que conste do acordo de coligação, não constando no acordo de coligação, não é tema para a próxima legislatura”, salientou.

Por último, Melo afirmou que “em relação ao tema” a posição do CDS-PP — que é contra a interrupção voluntária da gravidez – é conhecida.

“Sabem que o CDS é o mesmo e, portanto, aquilo que o CDS sempre foi é aquilo que o CDS sempre é. Dito isto acho que está esclarecido”, sublinhou.

O vice-presidente do CDS-PP, Paulo Núncio, candidato pelo círculo eleitoral de Lisboa nas listas da AD, defendeu a realização de um novo referendo à interrupção voluntária da gravidez (IVG), num debate promovido pela Federação Portuguesa pela Vida, avançou hoje a Rádio Renascença, emissora católica portuguesa.

“Devemos ter a capacidade de tomar iniciativas no sentido de limitar o acesso ao aborto e logo que seja possível procurar convocar um novo referendo no sentido de inverter esta lei que é uma lei profundamente iníqua”, afirmou.

Paulo Núncio sustentou que, “depois de a liberalização do aborto ter sido aprovada por referendo – embora não vinculativo, mas com significado político – é muito difícil reverter a lei aprovada no parlamento”.

“Eu acho que a única a forma de nós revertermos a liberalização do aborto passará por um referendo, por um novo referendo para nós conseguirmos ganhar, como ganhámos em 98. Mas é importante referir que em 2015, não obstante já termos a lei do aborto em vigor, e depois do referendo, em 2015, o Governo do PSD e do CDS – na altura era a PAF, enfim, era a AD, mas tinha outro nome – foi dos primeiros governos do mundo a tomar medidas no sentido de dificultar o acesso ao aborto. Não foi possível reverter a lei, é verdade, mas foram tomadas um conjunto de medidas que logo a seguir foram revogadas pelo Partido Socialista”, defendeu.

As medidas a que se refere foram aprovadas pela maioria PSD/CDS-PP na última reunião plenária da legislatura 2011-2015, e incluíam taxas moderadoras na prática da IVG e a obrigação de consultas de psicologia e planeamento familiar.

No primeiro referendo, em 1998, o “não” à despenalização da IVG, realizada por opção da mulher, nas primeiras dez semanas de gravidez, venceu com 50,91% dos votos. No segundo referendo, em 2007, o “sim” venceu com 59,25%.

 

ARL (IEL) // ACL

By Impala News / Lusa

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