Líder da coligação moçambicana que tentou apoiar Mondlane apresenta-se ao MP em junho

Líder da coligação moçambicana que tentou apoiar Mondlane apresenta-se ao MP em junho

O presidente da CAD, primeira força política que tentou apoiar candidatura de Venâncio Mondlane, avançou hoje que vai ao Ministério Público moçambicano em 10 de junho para esclarecer o alegado envolvimento em “tentativas de golpe de Estado”.

“Há um plano neste momento de vir ao país para provar a minha inocência, que não estou envolvido em nenhum golpe de Estado, nunca fui militar, não sei manejar arma e como tal, penso em chegar na Procuradoria-Geral da República (PGR) no dia 10 de junho onde me vou entregar à Justiça que é para me dizerem onde está o meu pecado”, disse o presidente da Coligação Aliança Democrática (CAD), Manecas Daniel, em conferência de imprensa ‘online’.

O presidente da CAD encontra-se em “parte incerta” desde a detenção, em 23 de abril, de Justino Mondlane, membro da coligação, acusado do crime de “conspiração contra a segurança do Estado”.

No documento, assinado por uma juíza de direito da secção de instrução criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, as autoridades moçambicanas consideram que Justino Mondlane terá estado ligado a um grupo que “concertou para a prática de crimes contra o Estado, alteração violenta do Estado de Direito”.

No mandado de captura refere-se que há “indícios de um grupo de pessoas que por meio da violência tentam destruir, alterar ou subverter o Estado de Direito constitucionalmente estabelecido”.

Na sequência, Manecas Daniel ter-se-á colocado em “parte incerta” por considerar que o seu nome consta da lista dos acusados pela justiça moçambicana de “conspirar contra a segurança do Estado”.

“No dia 10 de junho poderei vir para fazer-me presente na PGR (…) para me mostrarem onde está esse plano orquestrado por Manecas ou que está envolvido, que seja público, que as pessoas saibam onde tenho treinado os homens, quem são, quantas armas tenho, quais são as pessoas, porque parto do princípio que o golpe do Estado é feito por gente militarizada, Manecas nunca foi militar”, disse o político, em declarações aos jornalistas.

A CAD foi uma coligação que tentou apoiar a candidatura do político moçambicano Venâncio Mondlane no passado, mas a candidatura da formação política foi rejeitada por alegadas irregularidades, tendo Mondlane, posteriormente, firmado um “acordo político” com o Partido Optimista Pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), um compromisso que foi anulado meses após as eleições por divergências entre as partes.

Em março, o Tribunal Judicial da Cidade de Maputo decretou também a prisão preventiva da responsável das finanças de Venâncio Mondlane, Glória Monteiro Nobre Chire, uma contabilista de 59 anos.

O Ministério Público moçambicano instaurou um total de 742 processos-crime, 31 dos quais envolvendo membros da polícia, ligados às manifestações que afetaram Moçambique nos últimos cinco meses, indicam dados da PGR.

Os processos visam a “responsabilização criminal dos autores morais e materiais, tendo findado 385 processos, sendo 356 por despacho de acusação e 29 arquivados por insuficiência de provas e 357 encontram-se em instrução”, refere-se no informe anual do Ministério Público moçambicano.

O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 09 de outubro, que deram a vitória a Daniel Chapo, empossado em janeiro como quinto Presidente de Moçambique, convocou desde 21 de outubro protestos que, em cinco meses, provocaram quase 400 mortos em confrontos com a polícia, segundo dados de organizações da sociedade civil.

O Governo moçambicano confirmou anteriormente, pelo menos, 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

Contudo, em 23 de março, Venâncio Mondlane e Daniel Chapo encontraram-se pela primeira vez e foi assumido o compromisso de cessar a violência no país.

PME (EAC) // VM

By Impala News / Lusa

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