Governo israelita afasta abertura de segunda passagem para Gaza pedida pela ONU

Israel descartou hoje a ideia de reabrir totalmente um segundo ponto de passagem para a Faixa de Gaza, após declarações do chefe humanitário da ONU de “sinais promissores” nesse sentido, adiantou fonte do Governo israelita.

Governo israelita afasta abertura de segunda passagem para Gaza pedida pela ONU

Foi através do posto de controlo Kerem Shalom, entre Israel e a Faixa de Gaza, que 60% das mercadorias que entram neste território palestiniano passaram, antes da guerra entre Israel e o Hamas.

A abertura desta passagem, que se juntaria à de Rafah, na fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza, “mudaria a própria natureza do acesso à ajuda humanitária” de que este enclave necessita desesperadamente, sublinhou hoje o chefe das operações humanitárias da ONU, Martin Griffiths, durante uma conferência de imprensa.

“Estamos ainda em negociações e há alguns sinais promissores” de um acesso a Kerem Shalom, declarou Griffiths, acrescentando que Israel, os Estados Unidos, o Egito e a ONU participam nas negociações.

Mas Israel adiantou à agência France-Presse (AFP) que apenas permitiria inspeções a camiões que transportassem ajuda antes de esta ser enviada para Rafah.

“Permitiremos a triagem de segurança dos caminhões de ajuda humanitária na passagem de Kerem Shalom — mas não a passagem de caminhões para a Faixa de Gaza”, explicou um porta-voz do órgão do Ministério da Defesa de Israel responsável pelos assuntos civis palestinianos (COGAT).

Devido à violência dos combates e dos bombardeamentos na parte sul da Faixa de Gaza, “já não se pode falar de ajuda humanitária”, mas “de oportunismo humanitário”, o que “não é sustentável”, observou Griffiths.

“Existem atualmente em Gaza dois cavaleiros do Apocalipse: a guerra, claro, mas também a doença”, frisou o responsável.

Somando-se à passagem de Rafah, na fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza, a abertura do posto de Kerem Shalom “mudaria a própria natureza do acesso da ajuda humanitária” de que os habitantes naquele território palestiniano desesperadamente necessitam, declarou Griffiths.

O sul da Faixa de Gaza, até onde Israel estendeu a sua ofensiva após o fim da trégua de uma semana, sofre já os mesmos níveis de violência que a metade norte daquele enclave palestiniano, pelo que as operações de assistência são agora quase impossíveis, indicou o coordenador humanitário das Nações Unidas.

“O ataque militar ao sul de Gaza é uma repetição do que se viveu no norte”, denunciou o dirigente do Gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) — desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel — realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo mais de 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que agora se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 62.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 17.000 mortos, na maioria civis, e mais de 40.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, confirmado pela ONU, e cerca de 1,9 milhões de deslocados, também segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano pobre numa grave crise humanitária, também agravada pela destruição das infraestruturas de acesso.

Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, mais de 250 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.

DMC (ANC) // RBF

By Impala News / Lusa

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