Governo do Hamas acusa israelitas de matar 20 pessoas que esperavam ajuda humanitária

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islamita palestiniano Hamas, acusou hoje Israel de matar 20 pessoas numa fila para receber ajuda humanitária.

Governo do Hamas acusa israelitas de matar 20 pessoas que esperavam ajuda humanitária

“A ocupação israelita cometeu um novo massacre contra milhares de bocas famintas”, disse Ashraf al-Qudra, porta-voz do ministério, apontando 20 mortos e 150 feridos no alegado ataque fora da cidade de Gaza.

O Exército israelita ainda não comentou este caso.

Várias testemunhas entrevistadas pela agência France-Presse (AFP) afirmam ter sido alvo do Exército israelita.

Em Gaza, ambulâncias, com sirenes ligadas, afluíram às urgências do hospital al-Shifa, segundo jornalistas da AFP, cujas imagens mostravam dezenas de pessoas aglomeradas na unidade de saúde e vários feridos a serem tratados num chão de betão, coberto de compressas manchadas de sangue.

Entre as camas, deitados no chão, estavam vários homens, um com as calças manchadas de sangue, outro ferido na perna, outro ainda a quem os clínicos estavam a instalar soro intravenoso.

“As pessoas foram procurar comida e farinha porque não tinham nada para comer. E de repente chegaram tanques e começaram a disparar contra as pessoas, que foram cortadas em pedaços”, testemunhou Abou Ata Basal, tio de um ferido.

“Íamos buscar farinha e eles bombardearam-nos”, disse Mohammed al-Rifi, ferido na mão e na perna.

Israel exigiu entretanto a evacuação de um abrigo das Nações Unidas em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, onde 12 pessoas foram mortas a tiro no dia anterior, informou hoje a agência da ONU para refugiados palestinianos (UNRWA).

“O Exército israelita deu até às 17:00 [locais, 15:00 de Lisboa]” de sexta-feira “para evacuar o abrigo” onde dezenas de milhares de palestinianos encontraram refúgio para se protegerem dos combates entre Israel e o Hamas, disse à agência France-Presse um porta-voz da UNRWA.

Segundo uma das pessoas deslocadas, Amal Lubbad, os soldados alertaram por megafone uma funcionária da UNWRA que estava no local.

“Ela chegou perto dos tanques e disseram-lhe para nos avisar para esvaziar o local”, acrescentou. “Não sabemos para onde ir”, lamentou.

Na quarta-feira, segundo a ONU, dois tanques dispararam contra este centro de formação transformado em abrigo após o início da guerra, em 07 de outubro.

“Doze pessoas morreram e mais de 75 ficaram feridas, incluindo 15 em estado crítico”, no tiroteio, disse Thomas White, chefe da UNRWA na Faixa de Gaza, num comunicado.

O diretor da agência, Philippe Lazzarini, considerou que este bombardeamento demonstrou uma “violação flagrante das regras fundamentais da guerra”. Os edifícios estavam claramente identificados como instalações da ONU e as suas coordenadas foram comunicadas às autoridades israelitas, acrescentou.

Os Estados Unidos condenaram o bombardeamento, sublinhando que “os civis [devem] ser protegidos e que a natureza das instalações da ONU [deve] ser respeitada”.

A guerra foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, em 7 de outubro, que resultou na morte de mais de 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.

O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita, matando cerca de 1.140 pessoas, na maioria civis, e levando mais de 200 reféns, segundo números oficiais de Telavive.

Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento islamita palestiniano considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo as autoridades locais tuteladas pelo Hamas, já foram mortas mais de 25.000 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes.

O conflito provocou também cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.

HB // JH

By Impala News / Lusa

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