Fatah e Hamas palestinianos podem anunciar acordo de reconciliação nas conversações em Moscovo

As fações palestinianas Fatah e Hamas, que participam na próxima semana em negociações de reconciliação em Moscovo, poderão anunciar um governo de tecnocratas no final das consultas, indicou hoje Ayman al-Rakab, membro do conselho executivo da Fatah.

Fatah e Hamas palestinianos podem anunciar acordo de reconciliação nas conversações em Moscovo

“Esperamos que no final das negociações em Moscovo seja anunciada a formação de um governo de tecnocratas de todas as fações”, assinalou o dirigente palestiniano citado pela agência oficial russa Ria Novosti.

Previamente, representantes de organizações palestinianas anunciaram que as principais fações políticas iriam participar em negociações em Moscovo a partir de 29 de fevereiro para ultrapassar as divisões internas.

No âmbito destas negociações, está previsto um “diálogo direto” entre a Fatah e o Hamas, adiantou o representante, citado pela Ria Novosti.

“Espero que exista um diálogo direto [entre a Fatah e o Hamas]. Todos estiveram de acordo, e nesse sentido haverá diálogo”, acrescentou al-Rakab.

O movimento islamita Hamas está representado em Moscovo pelo número dois do seu gabinete político, Musa Abu Marzuq, informou na semana passada Abdel Hafiz Nofal, o embaixador palestiniano na Rússia.

Já a Fatah será representada por Azzam al-Ahmad, membro do comité executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP).

A organização paramilitar Jihad Islâmica (o segundo maior grupo armado no enclave da Faixa de Gaza) também aceitou o convite para participar nas consultas entre as duas principais fações palestinianas, informou um dos seus porta-vozes também em declarações à Ria Novosti.

O presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmoud Abbas, exortou previamente o Hamas a “concluir rapidamente” o acordo de troca de reféns israelitas por presos palestinianos para evitar “as consequências de outra catástrofe” em Gaza, e um êxodo palestiniano semelhante ao que ocorreu em 1948, a “Nakba”, quando foi anunciado o Estado de Israel e que implicou a expulsão de cerca de 800.000 palestinianos das suas terras.

Na atual guerra entre Israel e o Hamas em Gaza — a segunda mais longa na história do conflito israelo-palestiniano desde 1948 –, cerca de dois milhões de palestinianos no enclave foram forçados a abandonar as suas casas no decurso da ofensiva militar israelita, acionada após um ataque sem precedentes conduzido pelo Hamas no sul do território israelita em 07 de outubro.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, tinha manifestado há algumas semanas a intenção de reunir em Moscovo os representantes das principais organizações palestinianas para superar as suas divergências.

Em 2017 e 2019 decorreram consultas de reconciliação, quando a Fatah e o Hamas sugeriram a Abbas a formação de um governo de unidade nacional, mas sem consequências práticas.

No ataque de 07 de outubro, cerca de 1.200 pessoas foram mortas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 29.000 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes — e feridas cerca de 70.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.

As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.

A Comissão de Proteção dos Jornalistas, associação com sede em Nova Iorque, revelou ainda que 70 dos 99 jornalistas e trabalhadores da comunicação social mortos em 2023 foram vítimas de “ataques israelitas a Gaza”.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 07 de outubro, pelo menos 392 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico. Também foram registadas 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.

PCR // SCA

By Impala News / Lusa

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