Eurodeputados pedem na Jordânia fim urgente da guerra e ajuda a Gaza

Uma missão do Parlamento Europeu liderada pela eurodeputada portuguesa Isabel Santos defendeu hoje o fim urgente do conflito entre Israel e o Hamas e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, segundo um comunicado enviado à Lusa.

Eurodeputados pedem na Jordânia fim urgente da guerra e ajuda a Gaza

Os deputados da missão da Delegação do Parlamento Europeu para as Relações com os Países do Maxerreque (países árabes orientais), de visita à Jordânia entre terça e sexta-feira, manifestaram a sua “profunda preocupação” com o conflito em curso na Faixa de Gaza e com o seu impacto em toda a região, sublinhando “a necessidade urgente de pôr termo imediatamente a esta guerra devastadora e de permitir o acesso à ajuda humanitária à população” do território palestiniano.

Lembrando que a maioria dos Estados-Membros da União Europeia (UE) votou a favor de um cessar-fogo humanitário imediato na Assembleia-Geral da ONU, os eurodeputados expressaram apoio “a todos os esforços diplomáticos da Jordânia para evitar uma nova escalada” no Médio Oriente e referiram o compromisso da UE numa solução de dois Estados “como única forma de trazer paz e estabilidade duradouras”.

A missão reiterou o compromisso da UE em preservar o consenso internacional sobre Jerusalém e confia na Jordânia como “a única guardiã” dos seus locais sagrados, elogiando o papel das autoridades de Amã no acolhimento de refugiados palestinianos e sírios e às quais prometem a continuação do apoio do Parlamento Europeu.

Durante a visita, os sete eurodeputados que integraram a missão, incluindo Marisa Matias (BE), estiveram nos campos de refugiados palestinianos de Wihdat, gerido pelas Nações Unidas, bem como o de sírios de Azraq, onde testemunharam as condições de vida presentes.

A respeito dos palestinianos, tomaram nota “da questão da restrição de direitos” dos refugiados da Faixa de Gaza e dos sírios e reiteraram ao representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) da Jordânia, Dominik Bartsch, e à coordenadora da ONU em Amã, Sheri Ritsema-Anderson, o apoio da UE à proteção da população mais vulnerável na resposta à crise provocada pela guerra na Síria.

No rescaldo da visita, que incluiu a 11.ª Reunião Interparlamentar União Europeia-Jordânia, a missão “elogiou a ambiciosa agenda de modernização política, económica e social da Jordânia, sublinhando que a ênfase no reforço da boa governação e do respeito pelos direitos humanos é particularmente importante para o Parlamento Europeu” e os membros de ambas as partes comprometeram-se a “reforçar ainda mais a cooperação no domínio da educação, especialmente no domínio do intercâmbio de estudantes e da cultura”.

A visita incluiu ainda encontros com ministros do Governo jordano, com os líderes da Câmara dos Representantes e do Senado, e com membros do Comité de Amizade UE-Jordânia, num contexto marcado pelo novo conflito no Médio Oriente.

Habitualmente, explicou Isabel Santos no início da visita, em declarações por telefone à Lusa a partir de Amã, as discussões com os representantes jordanos são dominadas pela situação no país e diálogo interparlamentar.

“Desta vez, tendo em conta os acontecimentos na região, o recente recrudescimento da crise no Médio Oriente, este tema está a ocupar a agenda, com os nossos interlocutores muito focados num cessar-fogo para proteger os civis na Faixa de Gaza e permitir a entrada de ajuda humanitária”, referiu.

Após um ataque sem precedentes do Hamas que causou cerca de 1.200 mortes e cerca de 240 sequestros em território israelita em 07 de outubro, o Exército de Telavive conduziu desde então uma poderosa ofensiva aérea, terrestre e marítima na Faixa de Gaza.

A operação militar já deixou mais de 20 mil mortos e acima de 52 mil feridos, a maioria dos quais mulheres, crianças e idosos, segundo números das autoridades locais de Gaza, controladas pelo grupo islamita palestiniano, bem como 1,9 milhões de deslocados, 85% da população total do enclave, de acordo com a ONU.

Desde o início da guerra, os combates só foram interrompidos durante uma semana – entre 24 e 30 de novembro – numa trégua mediada pelo Qatar, Egito e Estados Unidos, que incluiu a libertação de 105 reféns detidos pelo Hamas em troca de 240 prisioneiros palestinianos e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Cerca de 130 reféns permanecem em cativeiro no enclave, onde a população deslocada sobrevive em tendas em pleno inverno e numa profunda crise humanitária, devido ao colapso dos hospitais, ao surto de epidemias e à escassez de água potável, alimentos, medicamentos, eletricidade e combustível.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reafirmou na quarta-feira que Israel continuará “a guerra até ao fim”, diluindo as esperanças de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, no dia em que era esperado o reatamento de negociações com o Hamas.

O Hamas e outras fações palestinianas rejeitaram hoje a possibilidade de iniciar conversações sobre a libertação de pessoas raptadas durante os ataques de 07 de outubro, a menos que haja “uma cessação da agressão” israelita.

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By Impala News / Lusa

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