Em 4 anos, 13 entre 29 candidaturas conseguiram crédito para limpar terrenos

Entre 2018 e 2021, apenas 13 de 29 candidaturas municipais à linha de crédito para despesas com redes secundárias de faixas de gestão de combustível foram aprovadas, com 1,5 milhões de euros atribuídos a uma dezena de concelhos.

Em 4 anos, 13 entre 29 candidaturas conseguiram crédito para limpar terrenos

Criada em 2018 para apoiar os municípios no pagamento das despesas relacionadas com os trabalhos de limpeza de terrenos florestais, esta linha de crédito “manteve-se ativa até 2021”, tendo disponibilizado, “nos anos de 2018 e 2019, 50 milhões de euros”, esclareceu, em resposta à Lusa, o Ministério da Coesão Territorial.

Em 2018, detalhou a tutela, apresentaram candidaturas 18 municípios, que representaram um montante solicitado de 6.928.478 euros. Destas, foram aprovadas cinco candidaturas – Sever do Vouga, Torres Novas, Vagos, Valença e Viana do Castelo – num total de 308.454 euros.

Em 2019, candidataram-se oito autarquias, num total de 1.276.283 euros, tendo sido aprovadas seis – Baião, Batalha, Mangualde, Sardoal, Setúbal e Viana do Castelo, às quais foram atribuídos cerca de 952.575 euros.

Nos dois anos seguintes – 2020 e 2021 – o montante disponibilizado aos municípios foi reduzido de 50 para cinco milhões de euros, sendo que em 2020 “não foi concedido qualquer financiamento por ausência de candidaturas”, indicou o ministério liderado por Ana Abrunhosa.

Em 2021, último ano em que o Governo disponibilizou este financiamento, apenas as câmaras das Batalha e de Sever do Vouga viram aprovadas candidaturas, tendo recebido um montante global de 283.536 euros. Nesse ano, candidataram-se três municípios, num montante global aproximado de 293.470 euros.

Em fevereiro de 2020, o Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, em resposta à Lusa, justificou a redução do montante da linha de crédito de 50 milhões para cinco milhões de euros com o valor solicitado pelos municípios, que “ficou sempre muito aquém” do disponível.

“Entendeu-se que a dotação de cinco milhões seria suficiente para responder a todas as solicitações, até porque este montante continua a ser muito superior ao atribuído em 2019”, afirmou, à data, fonte da tutela.

Em abril de 2019, o primeiro-ministro, António Costa, admitiu que este “recurso insuficiente” à linha de crédito se devesse a muitos municípios “não terem tido conhecimento antecipado” da medida ou por se tratar de um novo mecanismo.

Por outro lado, o então presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado, criticou o processo de candidaturas das autarquias à linha de crédito, considerando que pressupunha “um desgaste de energia e de dinheiro suplementar”.

Na sequência das dificuldades na apresentação de candidaturas, a Assembleia da República recomendou ao Governo que melhorasse as condições de crédito ao financiamento da limpeza florestal.

Este ano, a Guarda Nacional Republicana (GNR) sinalizou até 30 de abril, altura em que terminou o prazo para limpeza de terrenos, 14.298 situações de incumprimento e registou 63 autos de contraordenação por queimadas e 21 por queimas.

Segundo os dados provisórios da operação “Floresta Segura 2023”, divulgados em 03 de maio, foram ainda detidas 36 pessoas por suspeita de incêndio florestal.

Em 2022, a GNR sinalizou 10.930 situações de incumprimento, registou 362 autos de contraordenação por queimas, 123 por queimadas e 72 detenções por incêndio florestal.

Os proprietários de terrenos estão obrigados a proceder à gestão de combustível (limpeza de vegetação) numa faixa de largura não inferior a 50 metros à volta de habitações e outras edificações inseridas em espaços rurais, sendo que no caso de aglomerados populacionais, parques de campismo e zonas industriais, esta faixa de proteção se estende até aos 100 metros.

Além de terem de limpar as áreas sobre a sua tutela, no âmbito da prevenção dos incêndios rurais, os municípios podem, desde 30 de abril, substituir-se aos proprietários na limpeza do mato, que ficam obrigados a permitir o acesso aos terrenos e a pagar as despesas ao município.

Portugal tem 308 concelhos, 278 dos quais no continente.

VSYM (SSM/RCS) // ROC

By Impala News / Lusa

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