Eleições/Açores: Bolieiro ambiciona “maioria estável” para uma gestão de continuidade

O líder da coligação PSD/CDS-PP/PPM nos Açores e presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, espera obter nas eleições de fevereiro uma “maioria estável” para dar continuidade às políticas públicas iniciadas na atual legislatura, concluída antes do previsto.

Eleições/Açores: Bolieiro ambiciona

“Temos uma meta eleitoral – é de podermos contar com maioria estável. […] Uma maioria estável, claro está, com maioria absoluta de mandatos, que garanta a estabilidade para a legislatura e a consistência sistémica das políticas reformistas que temos vindo a desenvolver”, disse José Manuel Bolieiro, em entrevista à agência Lusa.

O social-democrata, líder da estrutura partidária regional desde o final de 2019, encara este objetivo como sendo do “superior interesse dos Açores” – para a região “no seu todo”, no âmbito da relação com o Governo da República e no quadro da integração europeia.

“O objetivo da coligação, perante uma interrupção da legislatura, é de continuidade e de consistência nas suas políticas públicas e no paradigma de governação que implementou desde que assumiu [o] poder na região, em 2020”, esclareceu.

Salientou também tratar-se de uma continuidade, “em função de uma consistência das políticas públicas que trouxe bons resultados e uma visão verdadeiramente reformista”.

José Manuel Cabral Dias Bolieiro, natural da vila da Povoação e residente no concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, considera que uma maioria absoluta para a coligação que lidera será um benefício para a democracia, uma vez que a “alternância foi adquirida em 2020” (após mais de 20 anos de gestão socialista) e o executivo por si liderado estava a consolidar a alternativa política na região.

“Toda a instabilidade política não foi gerada por instabilidade social ou laboral na economia ou na sociedade”, lembrou.

Apesar de desejar “uma maioria estável para melhor servir a democracia em autonomia” e o desenvolvimento do arquipélago, o advogado, de 58 anos, garante que se conformará “com a soberana vontade do povo”.

“Mesmo que – e repito – tenha, por um sentimento de responsabilidade e de confiança do eleitorado, uma maioria absoluta, uma maioria estável de governação, também declaro, com a certeza absoluta, que manterei a minha humildade democrática para o diálogo, para a concertação social, não só entre partidos, como também com a sociedade no seu todo”, sublinhou.

Questionado sobre a possibilidade de entendimentos com outros partidos após as eleições, respondeu que terá uma atitude “dialogante, de humildade democrática e de receber os bons conselhos, venham de onde vierem, para fazer mais e melhor”.

“Sem comprometer, obviamente, as minhas linhas ideológicas, doutrinárias, programáticas e estratégicas, por uma visão reformista que tenho da governação dos Açores para o futuro”, ressalvou.

Caso seja reeleito líder do executivo, o militante do PSD desde 1992 – que já foi deputado regional, presidente da Câmara de Ponta Delgada (2012-2020) e presidente da Assembleia Municipal da Povoação (2002-2009) – aponta para o próximo mandato projetos em áreas como a transição energética e digital, a ação climática e a aposta na economia azul e nas atividades espaciais.

“Temos projetos para tudo isso e estamos a desenvolver com grande competência e de forma ainda embrionária. Daí a importância da consistência política estratégica”, observou.

O cabeça de lista pelo círculo de São Miguel augura para os Açores um futuro que dê “relevância geoestratégica” para que o território seja “uma centralidade atlântica mundial e não apenas uma região ultraperiférica”.

Nas declarações à Lusa, o líder da coligação PSD/CDS-PP/PPM também lembrou que o seu governo aplicou medidas com “visão reformista” e inovadoras, como a Tarifa Açores e o programa Novos Idosos.

Enquanto a primeira medida permite aos residentes no arquipélago viajar de avião entre ilhas por um valor máximo de 60 euros, ida e volta), a segunda possibilita aos idosos continuarem a viver em casa e na comunidade, com um plano individual de cuidados em que um familiar pode ser indicado como cuidador domiciliário e receber um apoio monetário mensal.

“Eu estou convencido de que tenho uma oferta de governação para a década muito superior àquelas que são as ofertas dos meus adversários, porque tenho tido consistência não só nas políticas e na visão reformista que tenho introduzido, como também nos resultados”, concluiu.

A coligação PSD/CDS-PP/PPM suporta o executivo que governa a Região Autónoma dos Açores desde 2020. O PS perdeu então a maioria absoluta, surgindo a alternativa de direita, com acordos de incidência parlamentar com o Chega (no caso da coligação) e com a IL (no caso do PSD).

Reunidos os 29 assentos necessários para uma maioria absoluta, o primeiro Orçamento apresentado (para 2021) foi aprovado, com os votos contra do PS e do BE e a abstenção do PAN.

Meses depois, um dos deputados do Chega abandonou o partido, mas manteve o apoio ao Governo Regional na condição de independente.

Na discussão do Orçamento para 2022, Chega e IL ameaçaram votar contra, mas acabaram por dar um voto favorável, ao verem aceites condições em diferentes áreas. O documento relativo a 2023 chegou ao parlamento sem ameaças de chumbo, mas Bolieiro deixou apelos à “estabilidade política”.

Em 2023, meses depois de a IL e o deputado independente anunciarem o fim dos entendimentos políticos, a coligação viu o Orçamento para este ano chumbado, o que levou o Presidente da República a dissolver a assembleia legislativa.

Às eleições de 04 de fevereiro concorrem 11 candidaturas, incluindo três coligações.

*** António Sá Rodrigues (texto, áudio e vídeo) e Eduardo Costa (foto), da agência Lusa ***

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By Impala News / Lusa

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