Dificuldades levam populares a regressar a aldeia atacada há dias em Cabo Delgado

A população da aldeia de Nanoa, província moçambicana de Cabo Delgado, está a abandonar a sede distrital de Ancuambe, regressando à zona atacada há dias, devido às dificuldades, mesmo receando novos ataques terroristas, disseram hoje à Lusa fontes locais.

Dificuldades levam populares a regressar a aldeia atacada há dias em Cabo Delgado

O movimento de regresso a aldeia de Nanoa, a cerca de seis quilómetros da sede distrital de Ancuabe, para onde tinham fugido dos ataques dos últimos meses, começou na semana passada, devido à falta de apoio alimentar.

“Estamos a regressar a Nanoa, aqui em Ancuabe sede não temos apoio de ninguém e isso é mau, temos crianças e doentes que não podem se alimentar”, relataram os populares à Lusa.

“Não sabemos se está tudo bem ou não, já vimos os terroristas a regressarem duas, três ou mais vezes aos locais onde atacaram e isso pode acontecer connosco em Nanoa, por isso temos medo”, acrescentou outra fonte.

O recente ataque de insurgentes à aldeia de Nanoa – que propiciou a fuga de dezenas de famílias para a sede do distrito de Ancuambe – levou à destruição da escola primária local e de um templo da Igreja Católica e várias casas foram incendiadas.

“Os terroristas fizeram estragos, tudo está destruído e não sabemos se teremos uma escola a curto prazo. E o mais terrível é que não têm documentos dos nossos filhos lá na escola, os arquivos foram todos destruídos”, lamentou outra fonte.

O ataque dos rebeldes a aldeia de Nanoa, a cerca de 150 quilómetros da capital provincial, Pemba, aconteceu no dia 19 de abril, tendo sido destruídas infraestruturas públicas e privadas, sem, no entanto, registo de vítimas mortais.

“Quando entraram, destruíram escola e igreja. Não mataram ninguém, mas estamos com medo de sermos novamente atacados”, disse a fonte.

A província enfrenta desde outubro de 2017 uma insurgência armada com ataques reclamados pelos grupos associados ao Estado Islâmico.

Depois de vários meses de relativa normalidade, vários distritos de Cabo Delgado registam desde dezembro novas movimentações e ataques de grupos insurgentes, que também têm limitado a circulação em alguns pontos.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda, com mais de 2.000 militares, e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, libertando distritos junto aos projetos de gás natural.

RYCE // VM

By Impala News / Lusa

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