Comentadores falam de Pedro Nuno, redes de Ventura, Rocha e Mortágua

Nas redes sociais, Pedro Nuno Santos foi a personalidade mais falada por comentadores e candidatos durante a primeira semana de fevereiro, enquanto no mesmo meio as pessoas discutiram sobre André Ventura, Rui Rocha e Mariana Mortágua.

Comentadores falam de Pedro Nuno, redes de Ventura, Rocha e Mortágua

Estes dados, revelados em entrevista à Lusa pelo investigador e professor Gustavo Cardoso, representam as primeiras conclusões de um projeto, efetuado pelo MediaLab do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e a Empresa (ISCTE) em parceria com a agência Lusa, para aferir a desinformação e os conteúdos a circular nas redes e sociais e meio ‘on-line’ no período pré-eleitoral.

“Os candidatos parecem todos muito preocupados com Pedro Nuno Santos, ou seja, focam todos muitas críticas no Pedro Nuno Santos, como se fosse aquele que se tem que tirar da frente para que aconteça alguma coisa, isso é normal porque estávamos a falar do partido, as personalidades, ‘opinion makers’ que publicam opinião, também dão a preponderância ao Pedro Nuno Santos, mas aquilo que se discute nas redes é o André Ventura, o Rui Rocha e a Mariana Mortágua”, disse Gustavo Cardoso.

Ao mesmo tempo, neste mesmo ‘ranking’ de candidatos, comentadores e utilizadores das redes sociais, Luís Montenegro é sempre o último ou o penúltimo a ser referido.

O professor de Ciências da Comunicação do ISCTE especifica, porém, que o projeto apenas consegue medir “a atenção que é dada” e não se o que se fala é bem ou mal.

E resume: “As pessoas falam mais dos extremos, os candidatos falam do incumbente, os ‘opinion makers´ falam do incumbente, e o desafiador, que é o Luís Montenegro, nesta lógica surge muito para baixo em termos da conversa dos candidatos, é como se ninguém quisesse falar dele, por parte da atenção que lhe é dada.”

Em termos de análise “político-comunicacional”, isto significa, segundo Gustavo Cardoso, que enquanto os comentadores e políticos “centram as suas baterias ou no louvar ou no atacar o Pedro Nuno Santos”, as pessoas nas redes não ligam nem a este, nem ao líder do PSD e da Aliança Democrática (AD), mas em contrapartida estão muito atentos aos três outros.

“É quase como se pudéssemos colocar aqui a hipótese que são aqueles que levantam mais adversidade, ou seja, que recebem mais paixão, seja de apoio, ou seja contra e, portanto, os que estão de um lado atacam os outros (…) que é aquilo que, no fim de contas, nós verificamos no Parlamento”, diz ainda o professor.

E remata: “Luís Montenegro, curiosamente, está sempre ‘low profile’ portanto, não é atacado, não é defendido, mas está lá, e está muito para baixo.”

Nesta primeira semana do projeto MediaLab/ISCTE-Lusa, que durará até à realização das eleições, foi ainda possível traçar três outras conclusões.

Face a idêntico período de 2022, no último escrutínio, a rede social Facebook perdeu relevância para o Instagram e o Tiktok, a desinformação é menor e que, tal como no passado, o Chega, em particular, mas também a Iniciativa Liberal, são os “campeões” das redes.

Segundo José Moreno, outro investigador que participa neste projeto, a perda de importância relativamente aos conteúdos políticos do Facebook — a rede social mais relevante em Portugal e também a mais usada pelos mais velhos e, portanto, os que mais votam — mostra que a política “migrou” de uma rede popular para outras cujos estratos etários são mais jovens, o que pode ter alguma influência sobre estes.

“O conteúdo político torna-se mais presente em redes que são mais frequentadas por mais jovens e isso pode ter consequências eleitorais. Não quer dizer que tenha, porque não podemos fazer essa correlação, não conseguimos estabelecer essa causalidade, mas a verdade é que se as pessoas são expostas a conteúdos políticos, podem formar ideias políticas”, salienta José Moreno, considerando que este é um aspeto a reter.

Sobre o facto de a desinformação ter sido menos relevante, com apenas quatro casos referenciados e com pouca “tração” (menos alcance e influência), não quer dizer que não venha ainda a ocorrer, segundo apontam os especialistas.

LM/NS // PC

By Impala News / Lusa

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