Bruxelas quer beneficiar Kiev com armas e outro apoio por bens russos congelados

A Comissão Europeia propôs hoje mobilizar os lucros inesperados com os bens russos congelados na União Europeia (UE), dadas as sanções à Rússia, para apoiar a Ucrânia com armas, munições e apoio não militar, foi hoje anunciado.

Bruxelas quer beneficiar Kiev com armas e outro apoio por bens russos congelados

“Apresentei hoje uma proposta do Alto Representante para uma decisão do Conselho no sentido de utilizar as receitas inesperadas dos ativos imobilizados da Rússia para apoiar a Ucrânia na sua luta para prevalecer”, anunciou o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).

No dia em que o executivo comunitário divulga a esperada proposta relativa à utilização dos lucros inesperados dos bens russos congelados na UE para mobilizar essas verbas para a Ucrânia, o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança precisou que 90% serão afetados através do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (que financia a compra de armas e munições de proteção) e 10% através do orçamento da UE (apoio não militar).

“Aguardo com expectativa uma rápida adoção pelo Conselho. Isto demonstrará a unidade e o empenho da UE em apoiar a Ucrânia e o seu povo”, adianta Josep Borrell.

Segundo os últimos cálculos, esta iniciativa deverá permitir arrecadar três mil milhões de euros em juros e vencimentos este ano, num ‘bolo’ total de mais de 10 mil milhões de euros por ano até 2027.

A proposta de hoje surge depois e, em meados de fevereiro, o Conselho da UE (no qual se juntam os Estados-membros) ter adotado uma decisão preliminar para se poder vir a usar os lucros dos ativos e reservas do banco central russo, congelados pelos países europeus, para pagar uma futura reconstrução da Ucrânia após a guerra.

Em causa está um regulamento sobre as obrigações dos depositários centrais de valores mobiliários que detêm ativos e reservas do banco central da Rússia imobilizados na UE devido à aplicação de sanções.

O objetivo é, com esta medida que está em consonância com a posição do G7, assegurar uma eventual criação de uma contribuição financeira para o orçamento da UE proveniente desses lucros líquidos para apoiar a Ucrânia e a sua recuperação e reconstrução numa fase posterior.

A iniciativa surge depois de a UE ter decidido, como uma das sanções impostas à Rússia pela invasão da Ucrânia, proibir quaisquer transações relacionadas com a gestão das reservas e dos ativos do banco central russo, com os restantes ativos relevantes detidos por instituições financeiras nos Estados-membros a ficarem congelados.

Antes, no final do ano passado, a Comissão Europeia propôs uma iniciativa para identificar os recursos relacionados com ativos soberanos russos congelados devido às sanções da UE, com vista a poderem ser utilizados para a reconstrução da Ucrânia.

Esta medida — que inicialmente previa uma utilização total dos bens russos congelados e agora se foca nos seus lucros — surge numa altura em que os 27 Estados-membros da UE (principalmente a Bélgica) já congelaram mais de 200 mil milhões de euros em ativos russos devido à política de sanções.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções à Rússia para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar a guerra.

ANE // CC

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS