Os trabalhadores remotos devem ganhar menos? Os dois lados da questão

Se alguns defendem que os trabalhadores remotos devem receber menos, outros acreditam que o trabalho remoto é um bem que contribui para a sociedade como um todo, e merece ser incentivado.

Os trabalhadores remotos devem ganhar menos? Os dois lados da questão

O trabalho remoto é uma realidade em Portugal pelo menos desde o início da pandemia, mas continua a dividir opiniões dentro e fora do país. Devem os trabalhadores remotos ganhar o mesmo que os trabalhadores presenciais? Ou existem vantagens no trabalho remoto que fazem com que a atribuição de salários inferiores seja justa?

Por um lado, ser trabalhador remoto é mais fácil; não são necessárias deslocações diárias ao escritório, poupa-se muito dinheiro em refeições e viagens, e existem facilidades ao nível do acesso à habitação. Por outro lado, trabalhar remotamente implica custos acrescidos ao nível do consumo de eletricidade e da aquisição de equipamento.

Para começar, um trabalhador remoto tem que investir para configurar um escritório em casa, o que requer tudo desde comprar mobília e utensílios de escritório até designar uma divisão da casa para trabalhar. De resto, até já existem empresas especificamente dedicadas ao trabalho remoto. A Cadeiraescritorio365, por exemplo, conta com mais de 100.000 produtos de fabrico próprio que incluem cadeiras de escritório com suporte ergonómico e lombar para reduzir a fatiga.
Neste pequeno artigo, vamos pesar os dois lados da questão e tentar responder à pergunta: afinal, os trabalhadores remotos devem ganhar menos?

Uma forma de poupança para empresas

A noção de que os trabalhadores remotos devem ganhar menos ganhou destaque no contexto europeu por reforçar a ideia da redução de custos para empresas. Um relatório da Pleo concluiu que 1 em cada 4 empresas desejam cortar despesas no presente ano, e muitas vêm a redução de salários para trabalhadores remotos como “uma forma de obter poupanças.”

Esta, contudo, não é a postura de todas as empresas, pois muitos empresários admitem que contratar trabalhadores remotos já é, em si, uma forma de obter poupanças. Teoricamente, uma empresa poderia poupar milhares ou mesmo milhões de euros ao adotar o trabalho remoto, eliminando por completo a necessidade de pagar por um escritório.

As vantagens do trabalho remoto

Se alguns defendem que os trabalhadores remotos devem receber menos, outros acreditam que o trabalho remoto é um bem que contribui para a sociedade como um todo, e merece ser incentivado. A ideia não passa por pagar mais aos trabalhadores remotos, mas simplesmente por aceitar que o trabalho remoto tem o mesmo valor que o trabalho presencial.

A taxa de desemprego em Portugal desceu no início do ano, em parte devido à criação de postos de trabalho remotos. Muitas vezes, estes postos de trabalho não são localizados em Portugal, permitindo assim a trabalhadores portugueses ganhar salários superiores àqueles que aufeririam em território nacional.

Para além da criação e diversificação de postos de trabalho, o trabalho remoto tem a vantagem de fomentar um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, o que por sua vez se traduz em maior produtividade, em trabalhadores mais satisfeitos, e numa sociedade mais feliz.

Num país como Portugal, onde a desertificação do interior é um problema que existe há décadas, o trabalho remoto também pode ser uma forma de apoiar regiões desertificadas. Um jovem trabalhador remoto empregado numa empresa lisboeta, por exemplo, pode perfeitamente viver no Algarve ou no Alentejo. Um trabalhador presencial, por outro lado, não tem o mesmo nível de liberdade.

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