Oligarcas russos “escondem” iates de luxo em portos remotos

Enquanto alguns oligarcas russos continuam a navegar pelos oceanos como se nada se passasse, outros “escondem” os iates de luxos em zonas seguras.

Oligarcas russos “escondem” iates de luxo em portos remotos

Alvo das mais diversas sanções os oligarcas russos estão a fazer os possíveis para “esconder” os iates de luxo em portos remotos. Algo que está a acontecer em nações como as Maldivas e Montenegro. Esta é uma das formas com que os milionários tentam contornar as sanções do Ocidente, uma consequência da invasão da Ucrânia. Esta realidade é dada a conhecer através de uma investigação levada a cabo pela agência de notícias AP.

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É realçado o facto de ter sido notícia que as autoridades alemãs tinham apreendido o mega-iate Dilbar. Que pertence ao oligarca russo Alisher Usmanov, que é visto como bastante próximo do Kremlin e de Vladimir Putin. Só que isto não é verdade. Algo confirmado à AP por uma fonte do Ministério da Economia do Estado de Hamburgo. Pelo facto de que não foi possível estabelecer a propriedade da embarcação que recebeu o nome da mãe do bilionário. Dilmar está sinalizado nas Ilhas Caimão. Por sua vez, está registado numa holding em Malta. Sendo estes dois dos paraísos fiscais preferidos dos multimilionários.

Três iates de luxo de oligarcas russos desapareceram do radar

Com recurso à empresa de avaliação de iates VesselsValue, sediada no Reino Unido, a AP elaborou uma lista de 56 embarcações de luxo com mais de 24 metros de comprimento. Sendo que estas são vistas como pertença de dezenas de oligarcas com ligações ao presidente russo. O valor global dos iates ronda os 5 mil milhões de euros.

Os serviços online VesselFinder e MarineTraffic permitiram analisar as últimas localizações conhecidas dos respetivos iates. Parte deles estão ancorados em (ou perto de) portos turísticos no Mediterrâneo e nas Caraíbas. Por sua vez, mais de uma dúzia está (ou já chegou) a caminho de portos longínquos de países como as Maldivas e Montenegro. Estando assim a salvo das sanções do Ocidente.

Três embarcações estão no Dubai, Emirados Árabes Unidos, onde muitos oligarcas têm casas de férias. Outros tantos desapareceram do radar. Tendo sido vistos pela última vez junto do Bósforo, na Turquia. Que é a porta de entrada para o mar Negro e os portos de Sochi e Novorossiysk, no sul da Rússia. Existem outros que aparentam não estar minimamente preocupados com as sanções. Isto porque continuam a navegar livremente pelos oceanos.

Origem da febre dos iates de luxo

A ostentação de iates de luxo é uma moda a que os oligarcas russos deram início por volta de 1991, depois da queda da União Soviética. Época em que as indústrias estatais de petróleo foram comercializadas a preços bastante reduzidos para banqueiros com ligações políticas. Que tinham concedido empréstimos ao novo Estado da Rússia.

Foi então que começaram a comprar luxuosas embarcações. Muito ao estilo daqueles que eram pertença dos bilionários do Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos da América. Bem como de chefes de estado e membros das famílias reais. Ainda hoje são vistos como um detalhe importante no status de um oligarca de Moscovo ou São Petersburgo. E basta olhar para o Dilbar para perceber que aqui o tamanho importa. E muito.

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Jpchevreau via Wikimedia Commons

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